Palocci decide fazer delação e afasta advogado contrário
Petista deve falar de grana que recebeu de Abílio Diniz em 2009 e 2010 sem provar os serviços prestados
O ex-ministro Antonio Palocci decidiu negociar um acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato. Ontem, ele avisou seu advogado de defesa, José Roberto Batochio, que ele teria de se afastar do caso. Foi uma exigência da força-tarefa da Lava Jato porque o criminalista é contrário a acordos.
Ele é o segundo petista graduado após Delcídio.
Réu em dois processos em Curitiba, Palocci teme que suas condenações possam ultrapassar 30 anos.
O próximo passo para Palocci será desistir do pedido de habeas corpus que está para ser julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Pesou na decisão de Palocci a operação que a Polícia Federal deflagrou ontem, em torno de repasses do BNDES. Palocci é apontado nas investigações como um dos intermediários dos financiamentos que geraram supostas propinas para o PT.
Outra influência na decisão de Palocci foi a delação da Odebrecht. Documentos apreendidos pela Polícia Federal, depois incluídos no acordo da Odebrecht, apontam que o ex-ministro foi responsável por administrar repasses no valor de R$ 128 milhões entre 2008 e 2013.
A delação de Palocci é vista com potencial explosivo para atingir o sistema financeiro porque ele era o principal interlocutor do PT junto aos bancos. Ele deve citar alguns dos maiores empresários do país, como Joesley Batista, da JBS, e Abílio Diniz.
Uma auditoria do Pão de Açúcar apontou que uma empresa de Palocci recebeu R$ 5,5 milhões do grupo entre 2009 e 2010 sem comprovação de que os serviços fossem comprovados. Procuradores suspeitam que o pagamento possa ter relação com a campanha de Dilma Rousseff (PT), de 2010.