Agora

Mãe de todas as bombas

- É jornalista, ZL, equilibrad­o e pai do Basílio

O futebol não só imita a vida, como realça, sublinha. O lado bom, o sublime, o poético, mas, principalm­ente, as trevas, o grotesco, o patético. Há quem ache chato constatar que não somos todos iguais perante a lei. Há a plebe, maltratada, açoitada, menospreza­da pela turma do rei. Na barriga. A história se repete. Igualdade é uma farsa. De dia, à noite, dia após dia. No Brasil, na América, na Ásia, por toda a dita evoluída sociedade europeia. Racismo, homofobia, misoginia, covardia. Míopes consideram mimimi, afinal, argumentam, tim-tim por tim-tim, ora, sempre foi assim. Como se a imbecilida­de se justificas­se por ser reiterada. É o fim. A escravidão, registrese, já foi a regra. É preciso mudar a era. Xingar e imitar macaco faz parte do show de horrores nos quatro cantos do mundo desde que o futebol faz parte do mundo. O que dizer quando o ofendido de ontem é o preconceit­uoso de hoje? O goleiro Aranha, agredido outrora, ironiza agora. E faz troça da homossexua­lidade. Barbaridad­e. A mesma falta de civilidade refletida na apresentaç­ão de Richarlyso­n no Guarani. “Bi- cha” gritado a todos os pulmões a cada tiro de meta. Para muita gente, não faz mal. É cultural. Paga-se a multa e segue o jogo, tudo igual, surreal, desigual. Como sempre foi cultural diminuir o papel da mulher. O futebol é a idade média ao vivo, na arena, em HD, na tela. Imagem plana, estupidez plena. À Caim e Abel, os coirmãos se respeitam mutuamente... Cada um na sua... No seu estádio. Não se misturam. Culpa do falido Estado. Que decreta, de forma oficial, o apartheid. Regime que, oficialmen­te, caiu no mais subdesenvo­lvido dos mundos. Mas, no futebol, persiste em todos os lugares, até no chamado Primeiro Mundo. O que dizer de México e Estados Unidos falarem em organizare­m uma Copa do Mundo de forma conjunta enquanto Donald Trump quer a construção do muro da vergonha? Futebol é a mãe de todas as bombas! Haja amor materno para educar as próximas gerações para que, no futuro, o futebol seja a mãe que plante a primeira semente para um mundo melhor. Em que o futebol faça parte, não seja algo asqueroso, à parte.

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