Pratto admite a forte pressão
As três eliminações em 22 dias deixaram o treinador sob forte pressão, mas o clube lhe dá total respaldo
Fosse qualquer treinador em início de carreira, os sãopaulinos não demonstrariam a enorme paciência que estão tendo com o ex-goleiro, um dos atletas mais vitoriosos na história do clube.
Só que os resultados estão minando a aura de intocável de Rogério Ceni e ele recebeu as primeiras vaias, anteontem, após a eliminação na Copa Sul-Americana, diante do modesto Defensa y Justicia-ARG, em pleno Morumbi.
Foi a terceira eliminação sob sua gestão. E o que choca os torcedores é que isso aconteceu em 22 dias e sem nenhuma vitória em casa.
Nos fiascos anteriores, contra Cruzeiro e Corinthians, respectivamente, pelos mata-matas da Copa do Brasil e do Paulistão, o Tricolor havia perdido os jogos de ida.
Bombardeado na entrevista coletiva, Ceni ficou extremamente contrariado com os questionamentos, elevou o tom ríspido nas respostas e não admitiu que a equipe tem sérios problemas.
Como vem acontecendo a cada apresentação ruim, o comandante repete os mesmos argumentos de defesa: aproveitamento, números do ataque e posse de bola. Lesões, calendário e sorte dos rivais também são citados.
“São 11 vitórias, nove empates e quatro derrotas. É um aproveitamento bem superior aos outros que passaram aqui recentemente, quase 59% . Não é um aproveitamento ruim. Se você for analisar, é um aproveitamento de terceiro ou quarto no Brasileiro”, ponderou Ceni.
Ele atingiu esse índice porque a maioria dos confrontos foram contra rivais de segundo e terceiros escalações.
Foram oito duelos contra equipes da Série A: Corinthians, três vezes; Cruzeiro, duas; Palmeiras, Ponte Preta e Santos em uma ocasião. O saldo foi de três vitórias, dois empates e três derrotas —aproveitamento de 45,8%.
Ceni terá apenas o Nacional para apagar a má impressão, mas começará com uma pedreira. O Tricolor joga no Mineirão, amanhã, às 16h, contra o Cruzeiro de Mano Menezes, que também está pressionado por perder o Estadual para o Galo e, três dias depois, cair na SulAmericana.
O atacante deu a cara para bater e traçou um cenário de alto risco daqui para a frente, com consequências até para o técnico Rogério Ceni.
Questionado se Rogério Ceni teria perdido o emprego caso não fosse um ídolo no clube, Lucas Pratto ponderou: “Demitido, eu não sei, mas pressionado acho que ele está, assim como nós, jogadores”, disse o atacante, destacando o conhecimento do ex-goleiro sobre o clube.
“A pressão por jogar e treinar em um time grande nós sempre teremos. O Rogério jogou 25 anos no São Paulo, ganhou tudo, sabe bem o que é ser jogador ou treinador do São Paulo. Mas demitido é uma palavra forte. Ficamos fora de três competições, mas perdemos pouco”, afirmou o centroavante.
O argentino ainda pediu desculpas e mais paciência à torcida são-paulina.
“Vamos tentar reverter a situação e fazer de tudo para começar, no domingo [amanhã], a dar passos pequenos e firmes para brigarmos pelo Brasileiro”, disse.