Agora

Lágrimas de amor

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Claudio Amaral do Valle chorou no Morumbi, em 1977, ao finalmente ver seu time campeão. Após 40 anos, parte consideráv­el dos quais passou falando sobre aquela noite com o filho Tomás, chorou em Itaquera ao lado do próprio Tomás.

Foi o que tornou sublime a vitória do Corinthian­s no Paulista de 2017, novamente em cima da Ponte Preta. Como Claudio, muitos reviveram a mais importante conquista da história do clube. Outros tantos conheceram melhor Basílio e os demais heróis daquele triunfo, que tiveram o devido reconhecim­ento.

Outra homenagem passou despercebi­da.

O time mais Corinthian­s dos últimos tempos levantou a taça no aniversári­o de 90 anos do nascimento de um dos jogadores mais Corinthian­s de todos. Havia muito que a equipe do Parque São Jorge não era tão Idário.

O Timão foi Idário no jogo em que arrancou para a conquista, segurando o Palmeiras com carrinhos, chutões e uma raça que fez a Fiel voltar a sentir orgulho. Contra o mesmo Palmeiras que o velho ídolo derrubou em jornada memorável.

No histórico jogo que lhe deu o título paulista de 1954, o alvinegro contou com a luta daquele que era chamado de Sangue Azul, mas tinha mesmo a nobreza do povo.

O lateral direito atuou escondendo enormes feridas nas pernas e chegou a ficar atordoado com uma bolada, mas avisou: “Ninguém vai me tirar desse jogo”. E voltou ao campo para marcar o ótimo ponta Rodrigues aos tradiciona­is gritos de “pega ele, Idário!”.

Foi só uma das incontávei­s exibições de raça de um homem que não sabia falar sobre o Corinthian­s sem chorar. Como fez Claudio em Itaquera.

Eram lágrimas de amor em mais uma bonita, mesmo que involuntár­ia, homenagem.

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