Cortar o crack
A cracolândia do centro de São Paulo saiu de novo do controle do poder público —se é que algum dia essa região deixou de ficar sob o domínio da bandidagem.
Um tumulto grande envolveu usuários de drogas, guardas municipais e policiais militares na semana passada. Houve disparo de tiros, objetos incendiados e ataques a lojas.
Infelizmente, cenas lamentáveis assim já foram vistas muitas vezes por ali.
Buscar uma solução é uma tarefa complexa que depende da soma de esforços. A prefeitura deve cuidar dos
dependentes químicos, da limpeza e da organização do local. Já o combate ao tráfico é missão do governo estadual.
Agora que o prefeito da cidade e o governador do Estado são do mesmo partido, o PSDB, essa parceria deveria ser muito mais eficiente.
O poder público, portanto, precisa mostrar serviço.
Nos últimos tempos, traficantes poderosos passaram a dominar de fato a região da cracolândia. Pedras de crack são vendidas abertamente nas “feirinhas”.
O dinheirão arrecadado fica à vista de to- dos, inclusive dos policiais militares.
Para resolver isso, a simples repressão não basta. Usuários e traficantes sempre voltam ao local.
O mais importante agora é cortar o tráfico pela raiz, com trabalho de inteligência policial, e descobrir os possíveis agentes públicos que aceitam suborno para fingir que não estão vendo nada.
Só assim, com a cracolândia livre dos bandidões, a prefeitura terá condição de iniciar uma intervenção social e sanitária de verdade no local.