STF autoriza inquérito contra o presidente
Investigação tem Temer com alvo; deputado ligado ao presidente recebeu R$ 500 mil de propina
O STF ( Supremo Tribunal Federal) autorizou abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB), ontem. A decisão de abrir uma investigação contra Temer foi tomada pelo ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
O STF não se pronunciou oficialmente sobre a investigação. O pedido foi feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República). A partir de agora, o presidente passa a ser formalmente investigado.
A reportagem entrou em contato com a Presidência para que pudesse comentar o assunto e aguarda resposta. Temer já havia afirmado que não comentaria o as- sunto até ter acesso ao conteúdo da delação, o que aconteceu ontem à noite.
Joesley Batista, um dos donos da JBS, encontrou Temer no dia 7 de março, no Palácio do Planalto. O empresário teria registrado a conversa com um gravador escondido. Batista disse ter contado a Temer que estava pagando ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao lobista Lúcio Funaro para ficarem calados. Em nota publicada anteontem, Temer confirmou o encontro, mas disse que “jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha” e negou ter participado ou autorizado “qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar”.
Joesley ainda afirma que pagou R$ 500 mil ao deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), indicado por Temer para receber o dinheiro. O empresário diz que o combinado era que ele tivesse ajuda para solucionar um problema junto ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e, em troca, pagaria R$ 500 mil semanais por 20 anos. A entrega do dinheiro, feita por Ricardo Saud, diretor da JBS e um dos delatores, foi filmada pela Polícia Federal (veja ao lado).
Procurado, José Luis Oliveira Lima, advogado do deputado Rodrigo Rocha Loures, afirmou que ainda não tinha tido acesso “aos procedimentos que tramitam no STF.” “Tão logo se conheça o teor da investigação, todos os esclarecimentos devidos serão apresentados pelo deputado”, disse o advogado, que também acrescentou que Rocha Loures está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.
5O dinheiro ainda não é entregue a Loures. Os dois vão para a pizzaria Camelo, nos Jardins. O deputado aparece entrando no local sem nenhuma mala nas mãos