Governo quer que deputado assuma a responsabilidade por dinheiro
O presidente Michel Temer afirmou a aliados que o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) deve assumir a responsabilidade pelo recebimento de R$ 500 mil do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS.
Pessoas próximas a Temer afirmam ter recebido indicações de que o parlamentar, que foi assessor especial do presidente, estaria disposto a confirmar essa versão.
Essa explicação vem sendo tratada no círculo de Temer como a principal defesa do presidente desde que informações sobre a delação de Joesley vieram a público.
Em conversas com aliados e auxiliares desde anteontem, o presidente se defendeu das acusações feitas na delação, disse que não autorizou qualquer entrega de dinheiro a Rocha Loures e que o deputado deveria se explicar sobre o caso.
Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. Loures teria sido indicado por Temer para resolver uma questão de interesse do grupo, segundo Joesley.
Peemedebistas querem que Rocha Loures diga que recebeu o dinheiro para uso pessoal. Essa versão poderia ajudar a isentar Temer.
Rocha Loures está em Nova York, onde fez uma palestra sobre política brasileira a investidores internacionais. Ele divulgou nota em que afirma que vai “se inteirar e esclarecer os fatos” quando voltar ao Brasil, o que deveria acontecer ontem.
Segundo a delação, Joesley pediu ao presidente Temer uma ajuda para resolver uma pendência de seu grupo no Cade, órgão de controle da liberdade de concorrência.
O empresário disse à Procuradoria que Temer lhe sugeriu procurar Rocha Loures.
O deputado foi assessor especial da Presidência até março, quando voltou à Câmara no lugar do ministro da Justiça Osmar Serraglio. No governo Dilma Rousseff, foi chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência, junto a Temer. Nos dois anos finais do mandato, a Constituição prevê eleição indireta em caso de dupla vacância, ou seja, queda do presidente e do vice por renúncia, impeachment ou morte O primeiro na linha sucessória é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Depois vêm o do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e a do STF, Cármen Lúcia. Maia teria 30 dias para convocar uma eleição indireta