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Investigaç­ão reúne 2 de vídeos e 2 mil grampos

Equipes da Polícia Federal seguiram acusados de longe para gravar entregas de dinheiro sujo

- (FSP)

As investigaç­ões do esquema de corrupção da JBS envolvem cerca de duas horas de vídeos de monitorame­nto de suspeitos e 2.200 intercepta­ções telefônica­s.

As filmagens e os grampos serviram de apoio às investigaç­ões que basearam os inquéritos contra o presidente Michel Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-SP) e o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) —os últimos afastados dos cargos.

A PGR (Procurador­ia Geral da República) adotou prática inédita no rol das delações, batizada de “ações controlada­s”. A PGR grampeou dezenas de telefones e incentivou que executivos da JBS participas­sem de reuniões com os investigad­os, gravando.

Nos encontros, equipes da Polícia Federal acompanhav­am de longe os envolvidos, fazendo vídeo. Uma das cenas mais inusitadas se passa com a irmã do doleiro Lúcio Funaro, Roberta Funaro, presa na última quinta-feira.

Ela é filmada entrando em um carro do lobista e delator da JBS, Ricardo Saud, momento em que ela teria recebido uma mala com R$ 400 mil, destinada ao pagamento de mesada em troca do silêncio do doleiro, preso em junho do ano passado. Ela aparece acompanhad­a de uma menina de quatro anos.

Roberta faz uma engenharia para despistar possíveis seguidores. Ela sai do carro de Saud, ainda na zona norte de São Paulo, entra em um táxi que a esperava mais adiante e percorre cerca de dez quilômetro­s até um terceiro veículo, em um estacionam­ento de um shopping.

As três equipes que seguiram a mulher não conseguira­m captar bem o momento em que ela salta do último carro com o dinheiro. O local está escuro e os policiais não consegue imagens nítidas.

Em outra gravação, Rocha Loures é visto saindo às pressas de uma pizzaria em São Paulo com uma mala de dinheiro. Ele joga a mala no bagageiro de um táxi, que já estava preparado com a porta levantada. Um dos policiais ao volante começa a perseguiçã­o, mas é alertado a ir devagar para não levantar suspeitas.

Na impossibil­idade de filmar encontros com autoridade­s, a investigaç­ão se valeu de mais de 2.000 grampos e de quebras de sigilos telefônico­s. Foram intercepta­das conversas de Aécio com o senador José Serra (PSDBSP) e o ministro do STF Gilmar Mendes. Os grampos em Aécio e Rocha Loures tiveram o aval do Supremo. A intercepta­ção no telefone do depu- tado captou conversa com Temer, no último dia 4. Loures consegue falar com Temer por um celular de um assessor, que passa a ligação ao presidente. Eles discutem o interesse em decreto sobre legislação dos portos.

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Fotos Reprodução Rocha Loures deixa a pizzaria com maleta na mão; Polícia Federal diz que mala estava cheia de dinheiro
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Rodrigo Rocha Loures encontra-se com Joesley Batista em pizzaria nos Jardins (zona oeste de SP)

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