Agora

Temer por um fio

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O presidente Michel Temer (PMDB) aproveitou que o Congresso não funciona de sexta a segunda-feira e ganhou algum tempo para enfrentar a crise.

Com menos barulho dos partidos, Temer tratou de se defender como pôde. A primeira coisa foi colocar em dúvida a gravação em que ele conversa com o empresário Joesley Batista, da JBS.

De fato, o diálogo é bem confuso. Não dá para ter certeza do que os dois estão querendo dizer em vários momentos.

O presidente também reclama que o em- presário delatou para escapar da cadeia e se deu bem: está curtindo a vida nos Estados Unidos.

Até agora, a aliança dos partidos que apoia o governo não desmoronou. O PSB foi para a oposição, mas o aliado mais importante, o PSDB, ainda continua no barco.

Apesar de tudo isso, a situação de Temer é dramática. Ele precisa se explicar e governar ao mesmo tempo, e as duas coisas serão dificílima­s.

As suspeitas contra o presidente vão além do que está na gravação. Para começar, já é muito esquisito receber de noite, no Palácio do Jaburu, um empresário investigad­o.

Com tudo o que veio à tona, ficou claro que as relações dos dois eram antigas.

Os partidos aliados podem debandar ao menor sinal de que Temer não vai conseguir se justificar. Numa situação dessas, fica difícil votar qualquer coisa no Congresso —ainda mais uma reforma da Previdênci­a difícil de engolir.

É por isso que muita gente já está discutindo o que fazer se houver renúncia, impeachmen­t ou cassação. O governo está por um fio.

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