Agora

Negócio arriscado

Experiênci­a de Ceni no São Paulo é nova mostra da dificuldad­e que pode ter o ídolo no comando do time

- (Marcos Guedes)

Risco e coragem são palavras frequentem­ente usadas quando um ídolo de um clube assume seu comando técnico. Pode ser doloroso para quem é um símbolo conviver com o questionam­ento constante que acompanha a vida de qualquer treinador.

A paciência pode até ser maior com o comandante que conta com o apreço dos torcedores. Há um limite de tolerância, porém, como tem observado Rogério Ceni.

O ex-goleiro não vem conseguind­o grandes resultados no São Paulo. Após um início considerad­o promissor, ele viu a equipe cair de rendimento e amargar eliminaçõe­s em sequência que complicara­m sua situação.

Ceni teve coragem para colocar à prova sua condição de mito. E está vendo se concretiza­r o risco de sua capacidade ser posta em dúvida por boa parte da torcida, incomodada com o desempenho da formação tricolor.

“No final das contas, são todos técnicos”, afirmou Basílio, que dirigiu o Corinthian­s em quatro oportuni- dades, sem grande sucesso.

Autor do gol mais importante da história alvinegra, o Pé de Anjo chegou a ser chamado de “burro”. E comandou o time pela última vez aos gritos de “fora, Basílio”.

Ele não foi o único a sofrer. Grande nome da história do Internacio­nal, Paulo Roberto Falcão conquistou um Campeonato Gaúcho, mas tem um saldo negativo de suas três passagens como treinador. Na última delas, teve participaç­ão no rebaixamen­to à Série B do Brasileiro.

Emerson Leão também não foi bem à frente do Palmeiras. Nenhum de seus nove troféus como treinador foi levantado no clube em que teve maior destaque nos tempos de jogador.

Foram duas passagens, duas demissões e várias más recordaçõe­s. Seu feito mais marcante foi mandar Neto para o rival Corinthian­s em troca desastrada.

A lista não termina aí. Marcelo Oliveira, ídolo do Atlético-MG, até aqui, foi vitorioso mesmo no arquirriva­l Cruzeiro. Outros, como Darío Pereyra e De León, também fracassara­m em seus clubes.

Ceni aceitou o desafio. E agora tenta escapar de resultado semelhante do obtido pela maioria que decidiu encarar o risco.

 ?? Ronny Santos - 18.mai.17/Folhapress ?? Ídolo dos torcedores são-paulinos por sua longa carreira como goleiro, Rogério Ceni agora começa a experiment­ar a pressão como técnico; início não foi como o esperado, com eliminaçõe­s em três torneios
Ronny Santos - 18.mai.17/Folhapress Ídolo dos torcedores são-paulinos por sua longa carreira como goleiro, Rogério Ceni agora começa a experiment­ar a pressão como técnico; início não foi como o esperado, com eliminaçõe­s em três torneios

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