Reforma da Previdência vai atrasar, diz relator
O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), acredita que a delação de Joesley Batista, da JBS, destruiu o calendário de tramitação da proposta e avalia que, hoje, não é possível garantir nem mesmo que o texto será votado pelo Congresso.
“A minha avaliação é que, a cada dia que passa, é mais difícil, é mais complicado”, afirmou o relator.
A dificuldade aumenta, segundo Maia, devido à preocupação dos parlamentares com o impacto que o voto a favor do endurecimento das regras de aposentadoria teria nas eleições de 2018.
O relatório da reforma da Previdência foi aprovado, no início de maio, em comissão especial da Câmara com muitas alterações em relação ao texto original do governo.
Na semana passada, antes de serem divulgadas as primeiras informações sobre a delação da JBS e as citações ao presidente Michel Temer, os interlocutores do governo trabalhavam para conquistar a base e atingir um placar de pelo menos 308 deputados, o mínimo para aprovação da proposta na Câmara.
O relator, que esperava votação no plenário da Câmara no próximo dia 1º, diz que “não existe mais data” porque “Joesley destruiu isso”.
Em um esforço para tocar a agenda de Temer no Legislativo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem adotado o discurso do Palácio do Planalto, afirmou ontem que pretende colocar a reforma da Previdência em votação no plenário da Casa entre 5 e 12 de junho.
O texto depende da aprovação do plenário da Câmara em dois turnos, além de passar pelo aval do Senado. A expectativa do governo era que fosse aprovado ainda no primeiro semestre.
Porém, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o cronograma da reforma da Previdência deverá sofrer atrasos em função da crise política deflagrada na semana passada, mas disse que acredita na aprovação da proposta mesmo se o presidente Michel Temer não seguir no comando do país.