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Delatores da JBS se deram melhor que os da Odebrecht

Donos da JBS não serão presos nem usarão tornozelei­ra. Marcelo Odebrecht ficará 2 anos detido

- (FSP)

Foi da televisão de sua cela, na sede da Polícia Federal de Curitiba (PR), que Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo Odebrecht, soube da delação da JBS e da imunidade concedida aos donos do frigorífic­o. A notícia o deixou colérico, segundo policiais do local.

Ao contrário de Marcelo, que foi condenado a dez anos de pena, sendo dois e meio em regime fechado, os irmãos Joesley e Wesley Batista receberam garantia de que não serão presos e não terão que usar tornozelei­ra eletrônica.

Eles assinaram acordo de delação no início do mês.

Os outros cinco executivos do frigorífic­o que firmaram colaboraçã­o também receberam a mesma imunidade.

No caso da Odebrecht, todos os 77 ex-funcionári­os e funcionári­os terão alguma pena a ser cumprida. A maioria foi condenada a regime domiciliar ou semiaberto com tornozelei­ra.

A diferença de tratamento é explicada pela PGR (Procurador­ia Geral da República), que negociou os acordos com as duas empresas, pelo conteúdo, momento e forma que as delações ocorreram.

No caso da Odebrecht, as conversas se iniciaram quando Marcelo e mais quatro executivos estavam presos e já tinham sido condenados pelo juiz Sergio Moro.

Além disso, a ex-secretária Maria Lúcia Tavares, que trabalhou com pagamentos de propinas do grupo, havia firmado acordo com os procurador­es denunciand­o o esquema da empresa.

A JBS, apesar de ser investigad­a em seis operações, começou a negociar sem ter condenaçõe­s ou funcionári­os presos. Procurador­es afirmam que o fato de terem aceitado fazer uma ação controlada, ou seja, que envolve a participaç­ão da PF e do colaborado­r para flagrar delitos, propiciou pontos a mais para os irmãos Batista na mesa de negociação. Na avaliação dos investigad­ores, eles correram mais risco do que delatores da Odebrecht.

Relevância

Até por isso, as provas apresentad­as pela JBS foram considerad­as de maior qualidade e relevância em relação às da empreiteir­a.

Enquanto o frigorífic­o entregou gravações com o presidente Michel Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), as provas mais contundent­es da Odebrecht são extratos bancários indicando pagamento de propina.

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Andressa Anholete - 18.mai.2017/AFP O senador Aécio Neves (PSDB), afastado do cargo pelo STF sob suspeita de tentar atrapalhar a Lava Jato

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