Mulher de Cunha é absolvida em ação penal da Lava Jato
Juiz Sergio Moro disse não haver provas de crime de Cláudia Cruz, que era acusada de se beneficiar de propina
A jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi absolvida pelo juiz Sergio Moro na ação em que era acusada de ter se beneficiado de propina desviada da Petrobras em favor de seu marido. Para o juiz, faltou materialidade à acusação, que não conseguiu demonstrar o rastro do dinheiro até a conta da jornalista.
Cruz foi denunciada sob acusação de lavagem de dinheiro e evasão de divisas —os valores ilegais, segundo a Procuradoria, foram gastos a partir de uma conta na Suíça, em nome da jornalista, com bolsas de luxo, roupas de grife e aulas de tênis.
O dinheiro seria parte da propina de US$ 1,5 milhão paga a Cunha, para viabilizar a compra, pela Petrobras, de um bloco para exploração de petróleo na África, em 2011.
“[O produto do crime] não foi destinado, sequer em parte, à conta em nome da Kopek [de Cláudia Cruz]”, escreveu Moro, para quem é necessário “aprofundar o rastreamento” das contas.
Para o magistrado, também faltou demonstrar o dolo da jornalista, já que ela afirmou que era Cunha quem fazia a gestão financeira da família e que não suspeitava que o dinheiro pudesse vir de corrupção. Para Moro, não há provas de que Cruz tenha participado do crime de corrupção nem “nas condutas de ocultação”.
Além de Cruz, também foi absolvido o empresário Idalécio Oliveira, que vendeu a concessão à Petrobras e pagou pela propina. Para Moro, há “dúvida razoável” sobre se ele sabia que o dinheiro, pago a título de consultoria ao operador João Augusto Henriques, seria destinado a políticos. O juiz, porém, condenou pelo crime de corrupção o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada e João Augusto Henriques.