Agora

Ídolos de barro

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A condenação de Messi a quase dois anos de prisão, por fraude fiscal, abre o leque de sujeira sobre ídolos do futebol. Enquanto a sombra da corrupção e da desonestid­ade pairava sobre cartolas, espécimes subterrâne­os e sem apelo popular, não havia tanto impacto na magia do esporte. À medida em que atinge astros dessa grandeza, porém, representa um duro golpe na fantasia que embala uma legião de fãs, em grande parte formada por crianças.

A ambição desmedida produz desigualda­des abissais e injustiças. É difícil entender o que leva uma estrela que ganha uma fortuna, por si só escandalos­a diante das mazelas sociais, a se meter em operações criminosas. “Apenas” com a grana lícita recebida pela prática do futebol e ações de publicidad­e, o craque já garantiria uma vida de luxo a si e a várias gerações de descendent­es. Pa- ra que, então, se expor à degradação?

O dinheiro dos impostos, em tese, serve para diminuir um pouco —e bota pouco nisso— a obscena concentraç­ão de renda. Seriam recursos destinados a voltar à população na forma de benefícios na área da saúde, educação, transporte­s e demais pilares da administra­ção pública. Em vez disso, são desviados para paraísos fiscais, com a ajuda de abutres do mercado financeiro.

Além de ter de pagar agora os cerca de R$ 15 milhões sonegados, com juros e correção, mais multa superior a R$ 7,3 milhões, Messi ainda sai como um condenado, marcado pela vergonha.

Infelizmen­te, Neymar segue pelo mesmo caminho, com pendências na Espanha e no Brasil. Em comum com seu parceiro de Barcelona, há o fato de seu pai estar envolvido.

Que pena, criaram ídolos de barro.

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