Maluf e a lerdeza da Justiça
O deputado federal Paulo Salim Maluf (PP) foi condenado pelo STF a sete anos e nove meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro. Ainda cabe recurso.
Em meio a tantos escândalos de corrupção pelo país, essa notícia teve menos repercussão do que merecia.
É até compreensível —perto do esquema gigantesco investigado pela Lava Jato, os rolos de Maluf já não impressionam tanto.
De toda forma, é um daqueles casos de “justiça, ainda que tardia”. E bota tardia nisso.
No folclore político brasileiro, Maluf é sím- bolo de corrupção há muito tempo. Desde o início da carreira, o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo já esteve envolvido em várias denúncias de maracutaia.
Tanto é que até inventaram um verbo inspirado nele, “malufar”: estar envolvido em alguma falcatrua.
A decisão final do STF deverá ser o fim dessa longa carreira política. Como já tem 85 anos, ele dificilmente irá para a cadeia. Mas com certeza perderá o mandato e ficará impedido de se candidatar.
O caso é bom exemplo dos defeitos da Justiça brasileira.
A única acusação que realmente pegou o deputado nasceu no exterior, não aqui. A investigação ficou pública em 2001, mas Maluf só virou réu no Brasil em 2013.
O caso tratava do desvio de US$ 172 milhões, durante a segunda passagem de Maluf pela prefeitura de São Paulo (1993-1996).
Mas o processo no Brasil demorou tanto que os crimes prescreveram. Ele foi condenado por uma mutreta bem menor, a lavagem de cerca de US$ 15 milhões.
Essa mistura de lerdeza da Justiça e incompetência dos investigadores não podia dar boa coisa mesmo.