TSE não é joguete nas mãos do governo, reage Gilmar
Presidente da corte critica expectativa do Palácio do Planalto de que decisão sobre cassação atrase
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Gilmar Mendes, reagiu às pressões políticas que cercam a corte às vésperas do julgamento que pode cassar a chapa Dilma-Temer e afirmou que o TSE “não é joguete nas mãos do governo”.
O discurso é uma reação às informações divulgadas nos últimos dias pela imprensa de que ministros do TSE poderiam pedir vista do processo com o objetivo de dar uma sobrevida ao presidente Michel Temer.
O ministro, que também ocupa uma das onze cadeiras do STF (Supremo Tribunal Federal), acredita que a tese de que o TSE pode protelar o julgamento é repassada a jornalistas por integrantes da equipe de Temer, que, há cerca de duas semanas, está mergulhado na maior crise de seu governo.
Ao dar palpite indevido, afirma Mendes, “essas fontes tumultuam um julgamento que já é dificílimo. Num julgamento complexo é normal pedir vista [mais tempo para analisar o processo]. Mas, se alguém fizer isso, não será a pedido do Palácio”.
Uma das teses de defesa do presidente é que ele poderia ganhar mais tempo —e fôlego político para aprovar medidas no Congresso— caso um dos ministros nomeados por ele, Admar Gonzaga, pedisse vista do processo.
Gilmar rebate a ideia e diz que auxiliares de Temer “ficam palpitando” como os ministros do TSE vão votar, ventilando, inclusive, “a possibilidade de um pedido de vista” o que o “irrita profundamente”.
“Eles não sabem absolutamente nada do que ocorre no tribunal. Não cuidam nem sequer de seu ofício. Se fizessem isso, não estariam metidos nessa imensa crise”, disse o ministro ontem.
“As fontes do Planalto são outro ramo das Organizações Tabajara, que é no que se transformou o Brasil”, completou Mendes.