Ministro da Justiça sinaliza que trocará comando da PF
Jardim diz que Lava Jato ‘não depende de pessoas’ e ter sido assaltado é o que sabe de segurança
Em meio a notícias de que foi nomeado para blindar o governo Michel Temer da Lava Jato, o novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse ontem que a operação independe de quem comanda a Polícia Federal e sinalizou que não deve manter o diretor-geral da corporação, Leandro Daiello, no cargo.
“Seja quem for na Operação Lava Jato, na Polícia Federal, no Ministério Público Federal, o programa continuará. Ele não depende de pessoas”, disse o ministro após sua cerimônia de posse.
Para Jardim, a Lava Jato é “um programa de Estado, não de governo”, e, portanto, não depende da atuação de agentes específicos. Por isso, prosseguiu o ministro, ele vai “conhecer e conversar” com o chefe da PF antes de analisar possíveis mudanças, que podem ocorrer em “dois meses” ou mais.
Daiello, por sua vez, participou da cerimônia de posse do novo titular da Justiça, e, questionado pela reportagem se sairia ou não do posto, afirmou: “Não sei. Essa pergunta não é para mim”.
A aliados o diretor-geral da PF diz que não quer passar a impressão à corporação de que está sendo conivente com o governo nessa ideia de frear a Lava Jato, que investiga Temer e oito de seus ministros. Auxiliares do presidente já começaram a dizer, nos bastidores, que Daiello está desde 2011 no cargo e já manifestou desejo de sair.
Jardim, por sua vez, afirmou que uma eventual troca na direção da PF não signifi- caria uma freio à Lava Jato e que o tempo de de Daiello no posto não será considerado.
Questionado se ele descartaria, então, mudanças, o ministro foi evasivo e disse que o mundo “não é maniqueísta ou personalista”.
Ele disse ainda que “em nenhum momento” afirmou ter qualquer intenção de “blindar” a operação e negou especulações de que sua nomeação serviria para o governo ter mais controle sobre a PF e, consequentemente, sobre as investigações.
Assalto
Jardim, reconheceu que tem pouca familiaridade com segurança pública, que também faz parte da pasta.
“A minha experiência com segurança pública foi ter duas tias e eu próprio assaltados. Eu vou estudar. Ninguém chega conhecendo tudo”, disse.