Família enterra caixão vazio em golpe
São Carlos A Polícia Civil de São Carlos (232 km de SP) desvendou um golpe que, segundo as investigações, tinha como objetivo dar um desfalque milionário em seguradoras. Um ex-agente funerário, a filha dele e o genro, que é vendedor de seguros, além de um médico, que assinou atestado de óbito falso, foram denunciados.
Um caixão sem corpo chegou a ser enterrado, mas a polícia encontrou a mulher dada como morta e frustrou o golpe. Ela, a moradora de rua Cristiane da Silva, 39 anos, tenta provar que está viva e recuperar sua identidade.
Segundo as apurações, um ex-agente funerário, Eduardo Bezerra da Silva, 47 anos, conheceu Cristiane e ofereceu-lhe ajuda para tirar seus documentos. De posse deles, fez cinco apólices de seguro com valores entre R$ 800 e R$ 1,4 milhão. O genro de Silva, o corretor de seguros Thomas Lopes, colocou sua mulher, Sara Bezerra, como beneficiária. O médico Hugo Gusmão, que trabalhava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) fez atestado de óbito.
O enterro foi realizado em janeiro, com caixão lacrado. O grupo não chegou a pegar dinheiro das seguradoras porque, segundo as investi- gações, eles souberam que a polícia já acompanhava o caso. A polícia abriu inquérito contra os quatro por estelionato, falsidade ideológica e associação criminosa. A exumação do caixão, feita no fim de semana, mostrou que no lugar do corpo havia uma pedra e saco com material semelhante a serragem.
Segundo a polícia, Cristiane não teve relação com o crime e não será indiciada. O advogado dos acusados, João Carlos Cazu, disse que os seus clientes querem esclarecer o caso e que a ação não deu prejuízo às seguradoras. O médico saiu da UPA e sua conduta será analisada.