A estrela do xerife
Identificado com a Fiel e em grande fase, Pablo comanda zaga do Timão no clássico contra o Santos hoje
Se passar pela defesa do Corinthians hoje vai ser uma dura tarefa para o Santos, Pablo é um dos grandes responsáveis por isso. Nem parece que ele defende o clube há apenas cinco meses. Desde que assumiu a camisa 3, provou ter estrela e virou o xerife do Timão, invicto em clássicos no ano, com só dois gols sofridos em cinco jogos: três vitórias e dois empates.
Pablo incorporou o espírito corintiano. Ele se preparou para isso quando decidiu deixar o Bordeaux-FRA.
“Quando um jogador vem para o Corinthians, a primeira coisa que ele tem de pensar é dar a vida pelo clube”, explicou o defensor, em entrevista exclusiva ao Agora.
A trajetória dele também contribuiu para formar um atleta com as características que os corintianos se identificam. Hoje com 25 anos, ele decidiu aos 9 que seria jogador e, aos 12, abreviou a infância para buscar o sonho.
“Com essa idade, eu já estava viajando por causa do futebol. E a maioria das coisas que eu aprendi durante a vida foi com as dificuldades de estar na concentração, treinos, alojamentos”, contou.
Natural de São Luís, no Maranhão, o defensor iniciou a carreira jogando pelo Ceará, em 2010. Mas foi uma partida com a camisa do Avaí, em 2013, o momento que forjou, de fato, o zagueiro que hoje é um dos ídolos da Fiel torcida.
Pablo teve péssima atuação durante a derrota para o América-MG, por 3 a 0, em jogo que acabou eliminando o time catarinense da Copa do Brasil. O defensor virou alvo da torcida. “O jogo fez com que eu ficasse em uma situação bem instável no clube”, relembra. “E isso fez eu amadurecer porque eu não me abati”, acrescentou Pablo.
Do Avaí, o zagueiro transferiu-se em 2015 para a Ponte Preta, onde se destacou e acabou vendido no mesmo ano ao Bordeaux-FRA, por R$ 24 milhões. Apesar de não ter se firmado na França, no Corinthians, Pablo tem provado novamente seu valor, com um grande futebol, além do carisma que esbanja no clube. Santos tem um time forte e temos de estar ligados.”
“Aquele jogo entre Avaí e América-MG, em 2013, foi horrível. Se não me engano, falhei no primeiro gol. A torcida pegou muito no meu pé. É claro que você dá uma balançada, eu tinha 20, 21 anos, é normal. Mas fez com que eu amadurecesse.”
“Foi bem curta. É óbvio que eu aprendi muito com os meus pais, mas como eu saí muito cedo de casa, com 12 anos, aprendi mais com o mundo. Aprendi a dar valor a coisas que eu não dava.”
“Na época em que eu jogava no Ferroviário, onde a condição era muito difícil, eu tinha uma vida bem simples. Meu pai tinha uma condição boa, só que no Maranhão. Mas eu não queria ficar no conforto de casa, não queria o dinheiro dele. Queria ser jogador e ter meu dinheiro.”
“Eu comecei como goleiro, quando tinha 9 anos. E eu me inspirava no Dida. Eu o admiro até hoje. Mas quem fez eu mudar a minha posição foi meu pai. Ele falava que goleiro treina demais e que era melhor eu mudar de posição. Então, virei meia, dos 10 aos 14 anos. No Ferroviário, um olheiro disse: ‘Se você jogar de zagueiro, a sua chance de chegar vai ser maior’. Eu não queria, não. Não queria ser zagueiro de jeito nenhum. Mas aí foi indo, e estou aí até hoje!”
“Minha passagem foi difícil no começo, não pelo futebol, mas pela língua. Não conseguia me comunicar. Eu sou um cara que gosta de falar com todo mundo e não conseguia falar com ninguém.”
“Eu gosto muito de ler. Não tenho uma religião fixa, mas a religião da minha família é o amor ao próximo. Então, eu gosto de ler a Bíblia ou livros antigos.”