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Pacientes com mal de Parkinson podem não apresentar tremores

Em vez de ter esse sintoma, pessoa pode apresentar rigidez muscular e lentidão nos movimentos

- (Gislaine Gutierre)

Tremores não são um sintoma obrigatóri­o do mal de Parkinson. A doença, descoberta há 200 anos, pode se manifestar de outras maneiras, incluindo, por exemplo, lentidão de movimentos, escrita com letras pequenas e até perda ou redução da capacidade de sentir cheiros.

“Não é tão raro haver pacientes sem tremores, mas não sabemos por que isso ocorre”, diz o professor de neurologia da Unifesp (Universida­de Federal de SP) e membro da ABN (Associação Brasileira de Neurologia) Henrique Ballalai Ferraz.

João Carlos Papaterra Limongi, neurologis­ta do Grupo de Distúrbios do Movimento do Hospital das Clínicas e também da ABN, diz que os sintomas motores clássicos são tremores, rigidez muscular e lentidão. A presença de dois deles costuma indicar o diagnóstic­o.

Mas a doença é bem mais complexa que isso. Limongi conta que, antes de sinais motores, o paciente pode ter depressão, ansiedade, intestino preso e redução ou perda do olfato. A pessoa também pode gesticular conforme o que sonha. Na fase tardia, pode haver dores, fadiga, sonolência excessiva e, em alguns casos, demência.

Em uma explicação simples, o que ocorre no parkinson é que o cérebro deixa de produzir a dopamina, neurotrans­missor que mantém os movimentos do corpo (sejam os automático­s, como caminhar, ou aqueles que permitem duas tarefas ao mesmo tempo). “O paciente sai do automático e tem de pensar cada gesto, cada ação”, explica Limongi. A dopamina também age na parte emocional.

Embora não haja cura para o mal, os médicos dizem que é possível viver bem por anos. Ferraz diz que fisioterap­ia e fonoaudiol­ogia podem auxiliar. As causas do parkinson não são conhecidas, mas o risco de filho ter a mesma doença do pai é de cerca de 1,5%, segundo Limongi.

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