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Limpeza na cracolândi­a tem tumulto, prisão e feridos

Confusão ocorreu durante faxina diária na praça Princesa Isabel; água deixou usuários enlameados

- (FSP)

A nova cracolândi­a do centro de São Paulo foi palco de mais uma confusão na tarde de ontem, com dispersão de usuários no entorno da praça Princesa Isabel. Um agente da GCM (Guarda Civil Metropolit­ana) e usuários de drogas ficaram feridos.

A confusão começou durante uma ação de limpeza. Desde domingo, GCM e varredores da prefeitura abrem espaço entre os usuários para a faxina ao menos duas vezes por dia. Viciados dizem que houve retirada de pertences pessoais e agressão a quem estava deitado.

Houve reação, com alguns atirando pedras nos agentes. Um agente da guarda foi atingido com uma pedra na cabeça e fraturou o crânio.

Segundo o comandante da GCM, José Aparecido Cesar Filho, chefe da operação, o tumulto cresceu quando um traficante teria sido identifica­do e detido —um segundo foi pego com crack e dinheiro. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, um deles é menor de idade.

Houve uso da cavalaria e de bombas de gás lacrimogên­eo. Cerca de 200 GCMs participar­am da operação. Ao menos um usuário que teria atirado pedras foi detido.

A limpeza faz parte de uma estratégia do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e da gestão João Doria (PSDB) de impedir a montagem de barracos para, assim, reduzir a es- trutura do tráfico. As tendas são usadas como esconderij­o para comércio de drogas.

O uso de água com caminhão-pipa na praça transforma a terra em lama, o que dificulta o retorno imediato dos usuários. “Tiraram as barracas em que eles se escondiam da chuva e só deixaram eles na lama”, diz Antonio, religioso de uma missão da Igreja Católica que acompanha a situação.

Erick Nascimento, 39 anos, que vive na cracolândi­a, conta que estava sentado no chão com as mãos para cima quando foi atingido por golpes de cassetete nas costas, no braço e na nuca. “Policiais me mandavam levantar, mas não conseguia porque estava tonto por causa das agressões”, diz.

Para o comandante da GCM, usuários são “usados como escudo por traficante­s”. Por isso, todos os dias, são retirados objetos que permitem a montagem de barracas.

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Avener Prado/Folhapress Agentes da Guarda Civil Municipal observam a movimentaç­ão de usuários de drogas na praça Princesa Isabel, na região central da cidade; limpeza diária feita por funcionári­os da prefeitura acabou causando tumulto, com pessoas feridas e ao menos um preso
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Divulgação/SSP

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