Bebê morre por falta de gasolina na ambulância
Mafra (SC) A Polícia Civil de Mafra, norte de Santa Catarina, investiga a morte de uma menina de apenas um ano e 20 dias cuja transferência para um hospital de Joinville levou cerca de 15 horas. Duas ambulâncias ficaram sem combustível, prejudicando o atendimento da bebê.
Heloísa Mathias Lisboa foi internada no último dia 7 no Hospital São Vicente de Paulo, em Mafra, com suspeita de pneumonia. Como o quadro dela se agravou, foi solicitada na manhã do dia seguinte a sua transferência para o Hospital Infantil de Joinville, já que este conta com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) infantil.
A vaga no hospital foi aprovada, mas as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Mafra estavam sem combustível. Embora a equipe médica do hospital e os próprios pais da menina (Alexandro Lisboa e Edilaine Mathias) tenham se prontificado a pagar pelo combustível, o pedido foi recusado —o Samu alegou, segundo o boletim de ocorrência registrado pelos pais, que as ambulâncias não poderiam ser abastecidas por terceiros.
Uma ambulância de Canoinhas, outra cidade da região, acabou fazendo o transporte —no entanto, apenas até Rio Negrinho, pelo mesmo problema de falta de combustível que afeta municípios do Estado. Foi outra ambulância, de Jaraguá do Sul, que concluiu a transferência de Heloísa para Jonville, já na madrugada de sexta-feira.
A família diz que entre o pedido e a transferência passaram-se 15 horas. Ao meiodia de sábado, Heloísa sofreu uma terceira parada cardíaca e não resistiu. Os pais da menina registraram boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de Mafra —o documento levou a tipificação provisória de homicídio culposo contra menor. Uma das linhas de investigação é se de fato a ambulância do SAMU não poderia ser abastecida por terceiros.