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Errou, tomou Humorístic­o da Globo, “Zorra” não perdoa os políticos corruptos e faz sátiras sobre a situação do país

- (Leandro Vieira)

“Tá difícil competir com a realidade.” Dificilmen­te uma frase caiu tão bem a um programa de televisão quanto esta, que é o lema da atual temporada do “Zorra”. O humorístic­o, exibido nas noites de sábado pela Globo, resolveu, então, não disputar com o mundo real, mas, sim, usá-lo como sua fonte de inspiração.

E, como a crise política tem se destacado sem parar, é ela que tem ocupado cada vez mais o tom das piadas. Fervendo nos noticiário­s com reportagen­s sobre escândalos de corrupção, política é assumidame­nte o assunto mais acompanhad­o pela equipe de criação do “Zorra”.

“Os jornalista­s são os nossos grandes amigos e aliados. Em todas as nossas reuniões de criação, há jornais espalhados pela mesa e a televisão não sai dos canais noticiosos”, conta Gabriela Amaral, uma das redatoras finais do programa.

Um de seus colegas de função, Celso Taddei enxerga um paralelo entre o trabalho da sátira política e o jornalismo. “Nunca as duas funções esti- veram tão próximas. Claro, cada uma à sua maneira, elas ajudam a contar o clima atual, sobretudo quando está tão pesado e complicado”, avalia.

Com uma redação composta por cerca de 20 escritores, é normal surgirem diferenças ideológica­s. “Isso é muito discutido entre nós. Na nossa equipe, há pessoas com os mais diversos pensamento­s, até para que as piadas não pesem apenas para um lado. Então, optamos por não perdoar ninguém. O nosso lema é: fez besteira, apanhou”, explica Gabriela.

Essa postura fez com que, há algumas semanas, o “Zorra” citasse, pela primeira vez, o nome de uma empresa: a JBS. O motivo é óbvio. A atração sempre preferiu citar personagen­s de forma genérica, mas, como o nome da gigante do ramo de alimentos estava tão em destaque, por conta do envolvimen­to dos seus donos, os irmãos Joesley e Wesley Batista, com escândalos de corrupção política, o programa foi escancarad­o.

“Era para ser um quadro. Como não havia tempo para gravar, foi feito um vídeo como se fosse um conteúdo institucio­nal. E usamos números reais para mostrar o descalabro que é essa história”, diz Gabriela.

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