Idosos viram motoristas do Uber por grana e vida ativa
Pessoas acima dos 60 anos representam 5% dos que dirigem pelo aplicativo nas ruas de São Paulo
Aposentados acima dos 60 anos representam 5% dos cerca de 50 mil motoristas de Uber na capital paulista. O passageiro que viaja com um dos cerca de 2.500 “vovôs do volante” tem grande chance de encontrar uma pessoa disposta a conversar, tranquila e conhecedora dos caminhos da cidade.
A vontade de sair de casa para se manter na ativa e a necessidade de ganhar uma grana extra para complementar a pequena aposentadoria são os principais motivos para dirigir pelo Uber.
O carro, normalmente, é aquele usado pela própria família. No caso de Abel Simões, 71 anos, o Uber foi a forma encontrada para pagar o veículo de passeio. “Entrei com a mão de obra e já paguei 16 das 24 prestações.”
Ex-funcionário de um multinacional de eletrônicos, Simões era responsável por fazer demonstrações de câmeras, equipamentos de edição, entre outros. A trabalho, conheceu 23 capitais no Brasil. Aposentado, se sentiu incomodado em ficar em casa. “Depois que se aposenta, se a gente fica só em casa, morre mais cedo”, diz Simões, que trabalha de seis a oito horas por dia.
5.000 viagens
Motorista desde 1974, Jairo de Melo Lima, 67 anos, conheceu o Uber em Sacramento, nos EUA, onde mora seu filho. Hoje, dirige pelo aplicativo em São Paulo para complementar a aposentadoria. “Comecei depois do Carnaval de 2015 e já tenho cerca de 5.000 viagens.”
Para prestar um serviço de qualidade, Lima diz que presta atenção até ao gosto musical do passageiro e por isso decorou as principais rádios e seus respectivos estilos. Ele também fica de olho às posições políticas. “Você precisa estar bem atualizado. Tem que perceber qual é a tendência política dele para concordar. Não dá para contrariar”, diz.