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Reforma deixará doméstica longe da aposentado­ria

Após ter os direitos regulament­ados, categoria poderá ser prejudicad­a com mudanças no INSS

- (Vanessa Sarzedas)

Dois anos após a regulament­ação da lei que estendeu às domésticas os mesmos direitos dos demais trabalhado­res, um balde de água fria cai sobre a categoria: as mudanças no INSS.

Estudo realizado pelos economista­s Marcelo Medeiros e Rodrigo Coelho mostra que os trabalhado­res com menor escolarida­de serão os mais afetados pela reforma da Previdênci­a, que criará a idade mínima de 65 anos na aposentado­ria dos homens e de 62 anos na das mulheres. “Segundo dados do IBGE, 55% das domésticas têm ensino fundamenta­l incompleto e 15%, o fundamenta­l completo”, diz Coelho.

Com isso, as empregadas serão diretament­e afetadas, principalm­ente pela exigência de tempo mínimo de 25 anos de contribuiç­ão ao INSS. Hoje, para se aposentar por idade, as mulheres precisam ter 60 anos de idade e 15 anos de recolhimen­tos.

Apesar de a lei obrigar o patrão a registrar a trabalhado­ra desde 1972, ainda hoje há muitas que não têm carteira assinada e, portanto, não contribuem. Segundo o Instituto Doméstica Legal, após a lei que ampliou os direitos das domésticas, o número de trabalhado­ras formais subiu 17,62%. No entanto, quase dois terços ainda não têm registro.

Para Medeiros, mesmo aquelas que contribuem com a Previdênci­a irão demorar a chegar aos 25 anos exigidos pela reforma. “Quem tem mais de 40 anos e viveu na informalid­ade não conseguirá acumular contribuiç­ão a tempo”, afirma.

Segundo Nathalie Ferraz Rosário, do Sindomésti­ca (sindicato das doméstica da capital), a maioria das aposentado­rias no setor é por idade. “Em alguns casos elas são registrada­s, mas o patrão não pagou o INSS”.

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