Ataque em Londres eleva tensão entre os muçulmanos
Motorista da van preso foi identificado; família do País de Gales nega que ele seja um extremista
Londres “O cara que morreu ontem era meu vizinho. Gente está morrendo aqui enquanto vocês conversam”, gritava um rapaz negro, tentando avançar em direção à porta de uma mesquita no norte de Londres, onde uma van atropelou muçulmanos na hora em que deixavam o culto anteontem. “Eu parti para cima do motorista. Vocês não fazem nada.”
Um policial logo conteve o manifestante. Minutos antes, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, deixara o lugar sob vaias de grupos de ativistas que gritavam “May deve partir” e “você tem sangue nas mãos”.
O sangue ferve em uma Londres na ressaca do terceiro ataque terrorista em três meses —o primeiro, no en- tanto, como um crime de ódio contra muçulmanos.
Embora autoridades agora reconheçam que o atentado que deixou um morto e uma dezena de feridos na porta de uma mesquita em Finsbury Park foi um ataque terrorista, a demora em classificar o episódio como tal enfureceu os moradores do local, de todas as origens e religiões.
“Isso foi um ato deliberado de alguém que odeia muçulmanos”, dizia a indiana Sweta Choudhury, 31 anos, diante da mesquita. “Ele não era um homem barbado de pele marrom, mas ninguém falou em nada de terrorismo até a manhã seguinte.”
O motorista da van foi identificado ontem como Darren Osborne, 47 anos, morador de Cardiff, no País de Gales, a 240 km da capital britânica. Ele foi contido por testemunhas, detido pela polícia e deve ser indiciado por terrorismo. Casado e com quatro filhos, a família nega que ele seja radical.