Funkeiros viram príncipes em bailes de debutantes
Meninas de 15 anos trocam galãs por MCs em festa. Tradição da valsa é mantida, mas funk ganha espaço
Adolescentes de 15 anos estão trocando, em seus bailes de debutantes, os “príncipes encantados perfeitos” pelos funkeiros, também conhecidos como MCs. É o que começa a acontecer na capital, onde os músicos são contratados para transformar parte da tradicional festa em uma espécie de pancadão.
Ainda é moda a contratação de atores famosos e galãs para participar da festa e dançar com a “princesa”, mas os funkeiros começam a entrar nesse mercado, não só pelo sucesso entre os adolescentes, mas também pelo fator financeiro. Se os artistas costumam cobrar cachês que podem ultrapassar os R$ 10 mil, o preço dos MCs sai bem mais em conta.
Na festa, a tradição exige 15 casais vestidos com roupa igual. Mas a formalidade acaba quando o MC entra durante o baile, recebido aos gritos alvoroçados dos mais jovens. Eles fazem a alegria dos convidados e da própria debutante, vestida como uma princesa. O MC canta uma música e logo coloca um boné, virado para trás, na cabeça da aniversariante. A selfie não pode faltar no celular da estrela da noite.
“Foi assim no meu aniversário. O MC Lustosa foi muito simpático e animou a galera”, conta Julia Fossa Galuppi, 15 anos, que ganhou uma festa surpresa da família no início deste mês em um bufê no Tatuapé (zona leste de São Paulo).
Só alegria
A mãe dela, a empresária Andrea Fossa, 44 anos, conta que pagou R$ 4.000 para contratar o funkeiro para a festa surpresa da filha. “Valeu a pena. Teve valsa, mas também teve funk”, diz.
Julia conheceu MC Lustosa um mês antes, na festa de debutante da amiga Isabela de Carvalho Palhares, 15 anos, também no Tatuapé. “Foi uma festa tradicional. Dancei valsa com meu padrinho, pai, irmão e avô. Mas depois, foi só alegria na festa”, conta Isabela, que desceu uma escadaria cantando junto com funkeiro.
Como “curtir” na internet também é essencial para adolescentes de hoje, não podem faltar fotos faltar nas redes sociais. E os próprios MCs também postam fotografias dos bailes.
Para especialistas, a cada ano, os bailes de debutantes se tornam cada vez mais luxuosos, tecnológicos, interativos, e seguem as tendências e padrões culturais vigentes na sociedade brasileira. E a novidade é justificável, já que o funkeiro não deixa de ser um “príncipe” do ponto de vista dos adolescentes de hoje (leia texto ao lado).