Matador, Rodriguinho chama a responsabilidade na hora H
Em entrevista para o Agora, camisa 26 diz que está com saudade de fazer gols e quer ir para cima do Grêmio
Se o Corinthians não era apontado como favorito a títulos nesta temporada, é natural que poucos imaginassem que um jogador alvinegro pudesse se destacar como um dos principais atletas do país. No entanto, assim como o Timão, Rodriguinho vem calando as críticas.
Contra o Grêmio hoje, no Sul, é dos pés dele que a Fiel espera as jogadas que possam surpreender o time gaúcho, para fazer o Corinthians manter-se líder do Nacional.
O moral com a torcida vem desde a temporada passada, quando ele se salvou em meio a um time contestado, e aumentou este ano, com o meia sendo decisivo em jogos importantes, sobretudo na conquista do Paulistão.
Suas atuações na primeira semifinal do Estadual contra o São Paulo, com um gol e uma assistência, e no jogo de ida da decisão com a Ponte, com mais um tento e outros dois passes, foram seus momentos de maior brilho.
Diante do Tricolor gaúcho, o camisa 26 deseja ser novamente decisivo e matador.
“Espero que eu possa ajudar o time e fazer gols. Eu estou com saudades de balançar as redes, faz três jogos que eu não marco. E nesse jogo agora, por ser um concorrente que está muito próximo, espero que eu possa ajudar a gente a sair com um bom resultado”, afirmou Rodriguinho, nesta entrevista exclusiva ao Agora, na véspera do duelo com o Grêmio.
A expectativa do meia é uma tradução do momento que ele vive. Aos 29 anos, é titular absoluto do Timão, foi convocado recentemente para defender o Brasil e se mostra confiante para assumir grandes responsabilidades pelo time. Agora O jogo contra o Grêmio é o maior desafio da temporada até aqui? Rodriguinho Cada jogo tem uma importância pare- cida. E a gente já teve várias provas na temporada. Mas vai ser um jogo superimportante, com uma dificuldade muito grande, pelo fato de eles jogarem em casa e terem um time muito ofensivo. Agora Ao contrário do Corinthians, o Grêmio sempre foi visto como um favorito ao título. Vencer este duelo é uma prova de força? Rodriguinho A gente acaba provando isso sempre. Desde o começo do ano, a gente estava desacreditado. E a equipe já demonstrou várias vezes que estamos fazendo um trabalho muito bom, que merecemos respeito. E será mais um jogo pra gente, como todos os outros, de provação, mas um jogo normal. Agora A preparação nesta semana é parecida com a feita antes de uma final? Rodriguinho O campeonato é muito longo. Ainda vamos ter muitas rodadas pela frente. Lógico que esse jogo tem gosto especial pelo fato de eles estarem muito próximos da gente. Se a gente ganhar, poderemos abrir uma vantagem considerável. Mas o caminho é longo. Agora Quem tem mais obrigação hoje, o líder do campeonato ou o dono da casa? Rodriguinho Todo mundo tem obrigação de ganhar. No futebol, todo mundo quer vencer. O Grêmio, por jogar em casa, vai propor o jogo. A gente, com a nossa organização e por querer continuar na liderança, vai fazer o melhor para ganhar. Agora O Carille já elogiou sua inteligência. Você tem abertura para sugerir táticas? Rodriguinho O Carille é um cara que dá abertura, não só a mim, mas a todos os jogadores, para expressar o que a gente pensa. Isso é muito legal, isso é uma coisa que não se tem com todos os treinadores. Por exemplo, eu já joguei com o Luan (atacante do Grêmio), e eu pude expressar minha opinião sobre como ele tem de ser marcado. Por isso, a gente tem uma coletividade boa aqui. Agora Os j ogadores da atualidade aceitam melhor técnico menos autoritários? Rodriguinho Eu, particularmente, prefiro treinadores que gostam de conversar. Podem até soar meio forte, mas que não se achem os donos da razão. Eles são chefes, isso é óbvio, e são eles que tomam as decisões. Mas eu gosto muito de treinadores que ouvem o atleta. Agora Quando há uma relação assim, o elenco compra a ideia e defende o treinador? Rodriguinho Como tudo na vida é assim. Se você não gosta muito do seu chefe, eu acho que fica difícil fazer as coisas que ele está pedindo ou poder dar o seu máximo naquilo que é sua função. E o futebol não é diferente. Agora O que esse Corinthians, líder do Brasileiro, tem que faltou em 2016? Rodriguinho A vontade é bem maior, a organização é maior e é um grupo muito fechado com o treinador. Agora Você quase não teve chance em sua primeira passagem. Depois voltou, mas como reserva. Em algum momento pensou que não fosse estourar no Corinthians? Rodriguinho Eu nunca tive esse pensamento. Quando eu saí, tive um sentimento de frustração por não poder ter exercido o que eu achava que podia fazer. Isso me deu forças para querer voltar e mostrar tudo de que eu era capaz. E, na segunda passagem, quando as coisas começaram a acontecer, eu fiquei muito feliz e por isso eu estou muito feliz até hoje. Agora Por que não deu certo na primeira passagem? Rodriguinho Futebol é uma coisa difícil de explicar o por quê de não ter dado certo. Pode ser momento, pode ser oportunidade, pode ser que o seu companheiro que está jogando passa por fase melhor. Lógico que todos os dias a gente tenta melhorar alguma coisa. Quando cheguei no Corinthians, em 2013, não era tão competitivo quanto o Tite gostaria. Tentei melhorar isso. Depois, tinha um fundamento que eu não era muito bom, o cabeceio. Também tentei melhorar. Vamos evoluindo. Agora Como foi a experiência de defender a seleção fora do país pela primeira vez? Rodriguinho Um sonho realizado. Busquei isso e quero continuar, então vou manter um nível de atuação muito alto para que as coisas possam fluir de novo. Agora Notou alguma diferença no Tite por toda experiência que ele vem tendo? Rodriguinho Ele continua sendo a mesma pessoa atenciosa, estudiosa, tentando evoluir sempre. Agora, está lidando com jogadores que atuam em várias partes do mundo e está evoluindo nessa parte do conhecimento dos esquemas que seleções como Alemanha, Argentina ou outras grandes usam. Agora Hoje você está valorizado, mas já tem 29 anos. Se você não for para a Europa este ano ou no próximo, teme não ter outra chance? Rodriguinho Eu não sou um cara de ficar pensando muito no futuro. Eu gosto de trabalhar no dia a dia, de me aperfeiçoar para que tudo ocorra naturalmente. Agora Ter a chance de ser campeão brasileiro como titular pesa na hora de ficar? Rodriguinho Sim, lógico. Mas a gente sabe que a importância é a mesma. Eu me sinto muito importante para o título de 2015. Lógico que se você jogar e fizer gols, é legal pra caramba, para a torcida, para a história. Mas todo mundo é importante. Agora Se o time começar a vender jogadores e perder força, pode influenciar em sua vontade de sair? Rodriguinho Primeiro que eu tenho certeza de que a diretoria não vai deixar que vários jogadores saiam, porque isso acaba desestruturando a equipe. Se tiver saída, será um ou dois. E a diretoria vai se esforçar para repor no mesmo nível.