Doria prepara caixa para tocar obra em ano eleitoral
Prefeito só gastou 6% dos R$ 5,6 bi para investimentos neste ano, e prevê inaugurações em 2018
Com arrecadação no mesmo ritmo do ano passado, a gestão João Doria (PSDB) decidiu segurar os investimentos e criou uma espécie de poupança para obras a serem entregues no início do ano eleitoral de 2018.
Doria, que completa seis meses de mandato nesta semana, é cotado para disputar o governo ou a Presidência no ano que vem. Na corrida ao Planalto, segundo o Datafolha, ele aparece com 10%, em cenário com o expresidente Lula (PT).
Para o início do ano que vem, Doria prepara um cardápio de inaugurações que inclui creches, unidades básicas de saúde e um hospital iniciado na gestão Haddad.
Uma das primeiras medidas de Soria foi congelar gastos em todas as secretarias, afetando até Saúde e Educação —áreas que havia prometido poupar. Até agora, ele só investiu 6% dos R$ 5,6 bilhões previstos para 2017, queda de 60% em relação ao mesmo período de 2016, quando Haddad disputou e perdeu a reeleição.
Embora diga que a situação permanece delicada, a prefeitura fez um caixa de mais de R$ 13 bilhões, o que inclui os R$ 5,4 bilhões deixados por Haddad.
Mesmo assim, o freio segue puxado quando o assunto é liberação de verba. Os reflexos se estendem de ações sociais e de cultura ao funcionamento de hospitais e creches, além de obras paradas em todas as regiões da cidade. As áreas com maior percentual de congelamento são saneamento (67%), habitação (51%), esportes e lazer (47%) e cultura (39%). Hoje, de um total de R$ 21 bilhões para saúde e educação, R$ 3 bi (15%) foram congelados pela gestão. A prefeitura também só gastou 2% dos R$ 560 milhões para o combate a enchentes.
Líder da oposição na Câmara, o vereador Antonio Donato (PT) diz que a arrecadação cresce com a inflação e que não há “nenhum desastre financeiro”. “Me parece que é uma política de fazer caixa e utilizar isso eleitoralmente”, afirma.