Temer escolhe rival de Janot como nova procuradora-geral
Em guerra com chefe da PGR, presidente quebra tradição de 14 anos e não indica o nome mais votado
O presidente Michel Temer decidiu indicar a subprocuradora-geral Raquel Dodge para substituir o procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, cujo mandato termina em 17 de setembro.
A escolha foi feita ontem, mesmo dia em que o presidente recebeu a lista tríplice para o cargo promovida pela Associação Nacional dos Procuradores da República.
O nome será enviado ao Congresso, precisando ainda ser sabatinado pelo Senado. Se for aprovada pelos senadores, Dodge será a primeira mulher a comandar a PGR.
Dodge foi a segunda colocada na eleição da categoria. Em primeiro ficou Nicolao Dino, aliado de Janot e que defendeu no Tribunal Superior Eleitoral a cassação da chapa Dilma-Temer. O terceiro foi Mario Bonsaglia.
Ao escolher Dodge, Temer quebra uma tradição inicia- da em 2003, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de respeitar a ordem da lista tríplice e escolher o primeiro colocado.
Antes do anúncio oficial, Temer se reuniu com a subprocuradora no Palácio do Planalto para informá-la. O ministro da Justiça, Torquato Jardim, também participou.
A rapidez na indicação teve como objetivo evitar a pressão da categoria para que o presidente escolhesse o primeiro colocado da lista.
Além disso, em uma dis- puta aberta com o atual procurador-geral, o presidente quis qualificar uma voz dissonante a Janot, que o denunciou nesta semana por corrupção passiva ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Dodge faz oposição à atuação de Janot. O presidente quis ainda evitar que o nome da subprocuradora ficasse por muito tempo exposto a ataques de aliados dele.
A subprocuradora já foi criticada por ligações com caciques do PMDB, o que ela, na época, negou.