Assombrações do mundo real
A morte de um parente ou amigo próximo é sempre um momento terrível.
Como se não bastasse o abalo emocional, quem vai enterrar um ente querido ainda enfrenta uma série de transtornos.
Na capital paulista, a prefeitura controla o sistema funerário e 22 cemitérios. A gestão pública, porém, deixa muito a desejar, abrindo caminho para uma série de assombrações —todas bem reais.
Nos cemitérios e órgãos que dão atestado de óbito, muitos espertalhões tentam tirar vantagens da fragilidade das pessoas.
Empresas privadas não autorizadas a ope- rar na cidade prometem mais agilidade e preços mais baixos.
E mesmo agentes públicos cometem uma série de abusos, cobrando taxas indevidas para limpar lápides e maquiar os corpos.
Como o poder público falha em preservar os cemitérios, acaba surgindo um mercado ilegal em que as pessoas são levadas a pagar por baixo do pano pela limpeza dos túmulos e jardins.
Por tudo isso, é positivo o projeto do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), de entregar a administração do serviço funerário e dos cemitérios a empresas privadas.
O prefeito pretende fazer o mesmo com o estádio do Pacaembu, terminais de ônibus e parques, entre outros.
De fato, não adianta a prefeitura querer realizar um monte de tarefas se não possui grana e competência para tanto. Nesses casos, o melhor é mesmo deixar o mercado tomar conta.
Mas isso deve ser feito com muito cuidado. Para evitar todo tipo de tramoia, a prefeitura e a Câmara Municipal precisam definir regras claras sobre valores, contratos e leilões.
Do contrário, pode até mudar o modelo de gestão, mas os problemas continuarão.