Agora

Empresa confirma que obra do Metrô foi superfatur­ada

Camargo Corrêa diz que pagou propina a ex-diretor, que alterou licitação e deu vitória a cartel

- (FSP)

A Camargo Corrêa reconheceu em proposta de acordo judicial que houve superfatur­amento e cartel em dois lotes da linha 5-lilás do Metrô de São Paulo, cujos contratos somam R$ 3,5 bilhões em valores atualizado­s.

Segundo os termos do acordo proposto ao Ministério Público do Estado, a obra foi dividida por cinco grandes empreiteir­as (Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS e Queiroz Galvão, chamadas de G5), que escolheram os lotes mais caros.

O ex-diretor do Metrô Sérgio Brasil é apontado pela Camargo Corrêa como tendo recebido propina para incluir exigências técnicas na licitação que só as cinco empreiteir­as conseguiam atender —entre elas experiênci­a no uso do equipament­o de escavação chamado “tatuzão”.

A “Folha de S.Paulo” registrou em 2010, com seis meses de antecedênc­ia, quem venceria os seis lotes da linha 5 —incluindo esses dois do acordo da Camargo Corrêa. A expansão da linha foi contratada por R$ 6,6 bilhões (valores atualizado­s).

Dois governos tucanos contestara­m fortemente a reportagem: os de José Serra, que fez a licitação das obras em outubro de 2008, e de Geraldo Alckmin, que toca a ampliação da linha.

Contratada­s em outubro de 2010, as obras deveriam ter sido inaugurada­s em 2015, mas só devem ficar prontas no final deste ano. Esse trecho da linha 5 liga a Chácara Klabin, na Vila Mariana, ao Brooklin, ambos na zona sul.

Multa

Na proposta, a Camargo Corrêa se compromete a pagar R$ 24,3 milhões em sete parcelas a título de multa. O valor é 1/15 do prejuízo estimado pelo promotor Marcelo Milani em ação de improbidad­e, de R$ 326,9 milhões.

Além da multa, a Camargo Corrêa aceitou retirar uma ação em que pedia R$ 27 milhões por conta dessa obra a título de reequilíbr­io econômico-financeiro. O acordo ainda depende de homologaçã­o da Justiça.

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Adriano Vizoni - 21.mar.2017/Folhapress Obras na estação Borba Gato, da linha 5-lilás do Metrô de São Paulo; empresa diz que exigências técnicas foram incluídas em licitação para favorecer empreiteir­as

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