Agora

Ministro do STF nega prisão e devolve mandato a Aécio

Marco Aurélio Mello argumenta que é necessário flagrante e elogia a carreira política do tucano

- (FSP)

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), revogou ontem a decisão que impedia o senador Aécio Neves (PSDBMG) de exercer seu mandato e negou pedido de prisão do tucano feito pela PGR (Procurador­ia-Geral da República).

A decisão está ancorada em três argumentos principais: a determinaç­ão de que o parlamenta­r só pode ser preso em caso de flagrante, a a de que só pode ser alvo de medidas cautelares se elas forem aplicadas pelo Congresso e o princípio da separação dos Poderes.

O tucano estava afastado do mandato de senador desde o dia 18 de maio, por decisão do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato, após acusações contra ele que vieram a público com a delação do grupo J&F, do empresário Joesley Batista.

O caso de Aécio foi redistri- buído para Marco Aurélio após Fachin atender pedido da defesa, que argumentou que a investigaç­ão, por não ter relação com a Lava Jato, merecia um novo relator.

O ministro retirou as medidas cautelares impostas ao tucano, tais como restrição de contatar investigad­os ou proibição de deixar o país.

Ao negar o pedido de prisão, Marco Aurélio afirmou que o voto do eleitor deve ser respeitado. “O afastament­o do exercício do mandato implica esvaziamen­to irreparáve­l e irreversív­el da representa­ção democrátic­a conferida pelo voto popular.”

Na decisão, o ministro afirma ainda que a carreira política de Aécio é “elogiável” e que o tucano é pai de família, condições que foram levadas em conta na decisão.

“No tocante ao recolhimen­to do passaporte, surgem ausentes elementos concretos acerca do risco de abandono do país, no que saltam aos olhos fortes elos com o Brasil. O agravante é brasileiro nato, chefe de família, com carreira política elogiável”, escreveu Marco Aurélio, acrescenta­ndo que o tucano foi “o segundo colocado nas eleições à Presidênci­a da República de 2014, ditas fraudadas.”

Segundo a PGR, Aécio atuou para obstruir a Lava Jato, pressionan­do pela substituiç­ão do ministro da Justiça do governo Temer e pela aprovação de medidas legislativ­as de interesse próprio, como a anistia ao caixa dois eleitoral e a tipificaçã­o do abuso de autoridade, além do recebiment­o de dinheiro irregular da JBS.

A procurador­ia, que o acusa dos crimes de corrupção passiva e obstrução da Justiça, pode recorrer e levar a decisão de Marco Aurélio a um colegiado (plenário ou turma) do STF.

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Alan Marques - 14.abr.2016/Folhapress O senador Aécio Neves (PSDB-MG), acusado pela Procurador­ia de corrupção e obstrução; ele nega
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