Espectador se identifica com lado humano
O personagem Homem-Aranha, que chega aos cinemas amanhã na pele do ator inglês Tom Holland, é um dos que mais despertam identificação com o público. Segundo Tiago Abreu, coordenador do grupo de estudos NeoMitoSofia, que aborda o universo dos quadrinhos e da filosofia, o motivo são os diversos problemas que ele enfrenta, comuns aos fãs.
“O Homem-Aranha foi um dos primeiros a quebrar aquela ideia do herói ideal, porque ele é cheio de problemas. Ele é órfão, mora com a tia, rala para conseguir pagar as contas, não é herdeiro de nenhum ricaço. É um cara imerso em transtornos comuns ao dia a dia de muita gente”, destaca.
Ele ainda completa: “O que mais o preocupa não é só lutar com vilões, mas também passar de ano na escola, se acertar com a namorada quando brigam. Isso desde a época dos quadrinhos. Mas os filmes também retratam essas crises”.
Para Abreu, a imagem de um Homem-Aranha mais maduro, como já foi visto em outros momentos, não deu muito certo. “A tendência, ao que parece, é que o principal desafio para renovar a franquia seja encaixar novos atores e resgatar o Homem-Aranha o mais jovem possível, com atitudes de moleque. É assim há 70 anos nos quadrinhos, e o cinema quer jogar a idade lá para baixo também”, avalia. Ele diz que, se forem mantidos personagens adolescentes, a tendência é que haja uma renovação frequente de atores e mais lançamentos com o herói.
Nos cinemas, o personagem chegou a amadurecer e irritou um de seus criadores, o roteirista norte-americano Steve Ditko. “Para ele, o cara tinha que ser sempre um perdedor e continuar a sofrer bullying na escola para ter sucesso. Isso gera identificação.”