Agora

Articulaçã­o para Maia virar presidente cresce na Câmara

Maia nega qualquer ação para fragilizar o governo, mas tem recebido articulado­res de uma sucessão

- (FSP)

As articulaçõ­es para Rodrigo Maia (DEM-RJ) substituir Michel Temer no Planalto ganharam corpo no Congresso e já foram discutidas inclusive na residência do presidente da Câmara, em Brasília.

A denúncia apresentad­a contra Temer por corrupção passiva e o rápido derretimen­to do capital político do governo mudaram o comportame­nto de Maia nos bastidores e levaram a classe política a enxergar no presidente da Câmara, primeiro na linha sucessória, um potencial novo centro de poder.

Ao longo da crise aberta com a delação da JBS, que atingiu Temer diretament­e, Maia evitava qualquer discussão sobre a possibilid­ade de substituir o presidente. Nas últimas semanas, porém, começou a admitir esse cenário a aliados mais próximos, apurou a reportagem.

O presidente da Câmara, no entanto, nega publicamen­te qualquer ação para fragilizar o governo. “Não estou tratando disso. O momento é grave e meu papel é garantir a continuaçã­o do rito da denúncia e a estabilida­de do Brasil”, disse.

Ele, porém, passou a frequentar menos os palácios do Planalto e do Jaburu e evitou presidir a mesa da Câmara durante discussões polêmicas, para não entrar em embate com partidos de oposição que o apoiam.

Com boa relação com o setor financeiro e empresaria­l, tem se colocado como potencial fiador da agenda de reformas defendida pelo mercado e hoje fragilizad­a.

Deputados e ministros de partidos da base do governo, como PSD, PP, PSB, Podemos e DEM, passaram a gravitar em torno do presidente da Câmara, oferecendo apoio ao prosseguim­ento da denúncia contra Temer na Casa e sustentaçã­o a um novo governo.

Até o PSDB fez um aceno. O presidente interino, senador Tasso Jereissati (CE), disse ontem que Maia “tem condições” de conduzir a transição até as eleições de 2018.

“Se vier a afastar o Temer, Maia é presidente por seis meses. Aí ele tem condições de fazer, até pelo cargo que exerce como presidente da Câmara, de juntar os partidos ao redor de um nível mínimo de estabilida­de”, disse o tucano, para quem o país chega à “ingovernab­ilidade”.

Uniu oposição

A aliança pró-Maia se uniu a siglas de oposição próximas a ele, como PC do B, PT e PDT. Maia recebe os articulado­res, mas ainda não pede apoio contra Temer na votação da denúncia e evita discutir a formação de novo governo.

Na avaliação de aliados mais próximos, Maia não pode adotar postura objetiva enquanto desdobrame­ntos da crise não estiverem claros.

Maia acredita que Temer terá condições de barrar a denúncia no plenário. Partidos da base, entretanto, entendem que a sustentaçã­o dele deve se deteriorar quando as duas próximas denúncias forem apresentad­as pela Procurador­ia-Geral da República.

 ?? Eduardo Anizelli - 29.jun.2017/Folhapress ?? O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), primeiro na linha sucessória; derretimen­to do capital político de Temer jogou holofotes sobre o deputado
Eduardo Anizelli - 29.jun.2017/Folhapress O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), primeiro na linha sucessória; derretimen­to do capital político de Temer jogou holofotes sobre o deputado
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil