Delação de Cunha terá 100 anexos e envolverá Temer
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está finalizando os textos com as informações para o acordo de delação premiada que pretende fechar com procuradores da Operação Lava Jato.
Preso há oito meses no CMP (Complexo-Médico Penal), em Pinhais (PR), ele já rascunhou mais de cem anexos para a colaboração. Cada um traz resumos dos fatos apresentados ao longo da negociação que precisam ser detalhados nos depoimentos.
Cunha deve envolver dire- tamente o presidente Michel Temer, os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil) e o senador Romero Jucá (PMDBRR) em sua delação.
Ex-presidente da Câmara, ele integrava o núcleo do PMDB formado por Temer, Jucá e os dois ministros. O grupo liderou o movimento que culminou no impeachment da petista Dilma Rousseff, no ano passado.
Cunha teria participado não só das grandes negociações políticas, mas também é acusado de integrar esquemas de arrecadação de recursos para campanhas eleitorais e recebimento de propina. Ele teria provas sólidas das acusações que fará.
Envolvidos nas negociações relataram à reportagem que a proposta de delação de Cunha será “casada” com a de Lúcio Funaro —doleiro apontado em investigações como principal operador em esquemas de corrupção como os que envolvem a Caixa Econômica Federal.
Pessoas próximas a Cunha relataram que ele se viu sem saída, já que o operador iria esvaziar suas chances de delação, além de tornar a sua libertação ainda mais difícil.
Procuradores que integram a força-tarefa da Lava jato têm conversado com os advogados de Cunha e acompanham de perto cada passo que ele dá em direção a um acordo. Envolvidos nas tratativas dizem que ele nunca esteve tão perto de negociar.
A expectativa é de que Cunha entregue os documentos já na próxima semana.