No compasso do criador
Corinthians de Carille pode chegar hoje a 26 jogos sem perder e igualar marca que conseguiu com Tite
Antes da estreia do Corinthians no Campeonato Brasileiro, Fábio Carille deu duas opções aos atletas: trabalhar com metas de pontuação ou buscar a vitória jogo a jogo. Cássio foi o primeiro a se manifestar, e foi unânime a escolha do grupo alvinegro pela segunda alternativa.
Onze rodadas depois, a equipe tem nove triunfos, dois empates e uma campanha impressionante. Na base do “devagar a gente chega”, o Timão de Carille está “no compasso do criador”.
Discípulo de Tite, o atual treinador tem hoje a chance de igualar o mestre. Se não for derrotado pela Ponte Preta em Itaquera, o Corinthians atingirá 26 partidas de invencibilidade na temporada, marca obtida sob comando do gaúcho, em 2015, no caminho para o título nacional.
“Sempre deixei bem claro que o trabalho do dia a dia é muito parecido com o do Tite”, afirmou o paulistano. “Eu seria muito burro se não tivesse pegado nada dele. Mas tem muito do meu jeito também”, acrescentou.
Com seu estilo, mas sem negar a influência daquele de quem foi auxiliar por quase cinco anos, Carille pode estabelecer a quarta maior série sem derrotas da história preta e branca. Com 26 jogos, ficaria atrás apenas das sequências de 1957 (37), 1936/37 (31) e 1956 (29).
Para que a meta da noite não seja atingida, será necessário à Ponte Preta fazer algo que ainda não conseguiu em Itaquera. Em cinco visitas ao estádio, foram quatro derrotas e um empate. E esse empate foi o que deu aos donos da casa o título do último Paulista.
A invencibilidade, assegura Carille, não está na cabeça. Ele tem evitado colocar sobre os jogadores o peso de manter a longa série sem derrotas, iniciada em março.
“Meu sonho agora é ganhar da Ponte. Se eu ficar pensando em mais 27 rodadas, vou ficar louco. Vamos jogo a jogo”, repetiu o comandante alvinegro.
Fé no Príncipe
A escalação do Corinthians tem duas novidades em relação à vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo. Uma delas é a volta do atacante Romero, que retorna de suspensão e deixa Clayson no banco.
Quem está suspenso agora é Fagner. O lateral direito terá o posto ocupado pelo garoto Léo Príncipe, que, recuperado de lesão na coxa, atuará pela primeira vez em mais de um mês.
“O Léo Príncipe fez bons jogos neste ano”, disse Carille, minimizando a preocupação. “Deixa o pessoal falando que não temos elenco. Vamos deste jeitinho”, concluiu, naquele compasso, sem pressa para repetir o mestre e erguer a taça.