Sócrates e Telê goleiam por 7 a 1 os coveiros da bola
O maior analfabeto é o que não sabe ler gente. Há doutores, com MBA e várias línguas no currículo, que não sabem nada de seres humanos, da vida como ela, verdadeiramente, é. Todos os estudos e teorias são válidos. Desde que acompanhados da ciência de entender as almas humanas. Ao contrário do que muita gente pós-graduada diz e repete, o brasileiro sabe, sim, perder. Sempre soube. E tem memória. Sempre teve. Para o que interessa e merece! Hoje é o 3º aniversário do patético 7 a 1, o maior vexame de todos os tempos, recorde que jamais será batido. A história guardará o lugar patético para Marco Polo Del Nero e seus asseclas e reservará um capítulo pelo ridículo trabalho desempenhado por Felipão e seus comandados. O brasileiro, que sabe perder, tem muito mais o que lembrar. E homenagear. Na última quarta, dia 5, completaramse 35 anos da “tragédia do Sarriá”. Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico, o verdadeiro quadrado mágico, serão sempre lembrados, reconhecidos e reverenciados. Porque, com Leandro e Júnior nas laterais, Telê no banco e craques em campo, o brasi- leiro sabe perder. Porque o brasileiro sabe qual é a sua alma, a sua identidade, a sua história. Vitoriosa, em 1970, derrotada, em 1982, mas é a mesma história, construída com suas raízes. O gremista viu em Falcão um legítimo representante do futebol brasileiro, como o palmeirense vibrou pelo corinthiano Sócrates, o vascaíno foi ao delírio com o golaço de Zico contra a Escócia, cruzeirense abriu o sorriso com o golaço de Éder contra a União Soviética. A situação era outra, o Brasil era uma ditadura militar e, viu, Michel Temer, ainda não havia a Rússia. Nem a Marcela, o Michelzinho... Torcedores do Fluminense e do Atlético-MG, ou não, éramos todos Telê. O fio da esperança não foi sepultado com a derrota para a Azzurra de Paolo Rossi. O verdadeiro futebol brasileiro sobreviveu. Foi machucado, humilhado, vilipendiado, mas não foi enterrado pelo 7 a 1. Como o brasileiro que ama a sua essência, inclusive a futebolística, não matou o espírito do futebol-arte tão bem encarnado por Sócrates e Telê Santana. Os coveiros do futebol, verdadeiros pais do 7 a 1, podem se morder de ciúmes: 1982 é eterno!