Futebol não é basquete
Nem voleibol. Nem qualquer esporte cuja pontuação seja baseada na regularidade.
Esse conceito óbvio já foi reproduzido aqui no combate ao árbitro de vídeo —aberração que esvazia toda a dramaticidade do grande momento, o gol, em um esporte que pode ser deliciosamente decidido por 1 a 0.
Volto a essa particularidade do futebol para questionar o apego quase religioso que se tem às estatísticas. Os números podem oferecer pistas, sim, mas estão longe de pintar um bom retrato do que foi uma partida.
É bem diferente do que ocorre no basquete. Em um jogo no qual cada time chega aos cem pontos com relativa facilidade, uma análise estatística aponta tendências, preferências e limitações.
A observação de um quadro com os números do confronto é de fácil leitura. O time A triunfou sobre o time B porque, mesmo com um aproveitamento menor nos arremessos, pegou muito mais rebotes e foi com frequência maior à linha de lance livre.
O futebol não é assim. Os próprios critérios para a definição dos quesitos estatísticos é frágil.
Um jogador recebe a bola na cara do gol e dá um chute fraco nas mãos do goleiro. Outro solta uma bomba da intermediária e acerta o travessão. O primeiro, para fins estatísticos, teve uma finalização certa; o segundo, uma errada.
Com dados que fogem à minha c ompreensão, Jadson, melhor em campo na vitória do Corinthians sobre o Botafogo, na semana passada, teve pontuação negativa no jogo eletrônico da moda, baseado em estatísticas.
Rogério Ceni, com um amor profundo pelos números, talvez tivesse cobrado o meia. Fábio Carille, provavelmente, foi mais inteligente.