Agora

Em noite fria, prefeitura não recolhe morador de rua

O Agora acionou o serviço de acolhida em cinco endereços, mas em nenhum foi feita a abordagem

- (William Cardoso)

A gestão João Doria (PSDB) ignora moradores de rua que passam frio na capital. Foi o que constatou a reportagem do Agora, entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira passada.

Com o termômetro oscilando entre 11˚C e 12˚C, o Agora localizou cinco lugares da capital onde pessoas estavam dormindo ao relento. A reportagem acionou a prefeitura pelo telefone 156 e em nenhum ponto houve a abordagem dos moradores de rua.

F unci onário s da C a pe (Coordenado­ria de Atendiment­o Permanente e de Emergência) deveriam abordar, conversar e tentar convencer essas pessoas a ir para um abrigo. No entanto, eles passaram com o veículo em frente aos moradores de rua e não pararam —isso quando foram até os locais indicados.

No dia seguinte, quando a reportagem voltou a ligar para o 156 questionan­do o que foi feito, a prefeitura disse que “passou nos locais, mas os moradores de rua não foram localizado­s”.

A gestão Doria tem feito propaganda pedindo para a população ligar para o telefone 156 sempre que for vista uma pessoa dormindo na rua quando a temperatur­a ou a sensação térmica forem inferiores a 13˚C.

A reportagem ligou pela primeira vez para o 156 às 21h20 de domingo, solicitand­o o resgate de uma família no canteiro central da av. Professor Noé de Azevedo, na Vila Mariana (zona sul). Os problemas começam aí: cinco minutos de espera só para a reportagem conseguir falar com uma atendente.

A funcionári­a disse que o envio de uma equipe poderia demorar até três horas. O Agora esperou. Uma hora depois, a perua da Cape passou bem devagar e, ao se aproximar da barraca com a família, foi embora. Os funcionári­os nem desceram do veículo.

A reportagem usou o mesmo procedimen­to para pedir ajuda a moradores de rua em outros quatro locais (veja quadro). Em nenhum dos casos o veículo passou, e as pessoas permanecia­m ao relento ao menos até as 3h30.

Protocolos

Na terça-feira, com os protocolos em mãos, a reportagem pediu via 156 esclarecim­entos sobre qual destino foi dado aos pedidos de resgate. Segundo o atendente, a Cape respondeu que não havia localizado os moradores de rua em nenhum dos cinco pontos solicitado­s.

Em todos os casos, a reportagem passou endereços detalhados (com nome da rua, altura, pontos de referência e quantidade de pessoas em situação de rua). Avenida Professor Noé Azevedo, 103, Vila Mariana (zona sul) Avenida Bernardino de Campos, 327, Paraíso (zona sul) Rua Rui Barbosa, ao lado do 181, Bela Vista (região central) Rua Martins Fontes, 109, República (região central) Rua Genebra, 118, Bela Vista (região central)

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