Violência fecha escolas em 93 de 100 dias letivos no Rio
Rede municipal só conseguiu manter aulas em todas as unidades em apenas sete dias deste ano
Rio De 100 dias letivos deste ano, em 93 as aulas na rede municipal do Rio acabaram interrompidas em pelo menos uma escola, segundo a Secretaria de Educação, em razão de casos de violência. São episódios em que algum colégio não abriu ou suspendeu as atividades no meio.
Ao todo, 381 escolas (25% da rede municipal) ficaram sem aulas em algum dia do ano devido a tiroteio, afetando 129 mil crianças.
Foi o caso de Thayanne Galati, 13 anos, durante toda a semana passada. Ela estuda na Escola Municipal Daniel Piza, em Acari, na zona norte, bairro onde a educação foi mais afetada neste ano.
Thayanne era amiga de Maria Eduarda da Conceição, 13, que morreu baleada no pátio durante troca de tiros entre policiais e traficantes.
“Tem tanto tiro que até demorou para morrer gente na escola”, diz a mãe de Tha- yanne, Viviane Galati, 30, que tenta transferir a filha para outra unidade. Segundo ela, se houver possibilidade, todos os alunos da Daniel Piza evadirão. Até agora, 76 já deixaram essa escola.
“Eu digo para as minhas professoras que a gente tem que se dedicar como se cada dia fosse o último. Não sabemos se vamos poder dar aula no dia seguinte”, afirma Isadora Souza, diretora da Nova Holanda, no Complexo da Maré, que ocupa o segundo lugar no ranking de regiões onde a educação foi mais afetada pela violência.
As duas áreas têm em comum o fato de serem controladas por mais de uma facção criminosa e serem palco frequente de ações policiais.
Além de matar e ferir, a violência nas escolas do Rio também tem outro impacto.
“Estudos mostram que a capacidade de concentração da criança antes e depois de um conflito é totalmente diferente. Há consequências reais para o desenvolvimento das habilidades e para a capacidade de aprendizagem”, afirma Bárbara Barbosa, pesquisadora da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Agora, a Secretaria de Educação vai organizar um curso do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para ensinar educadores a reagir diante de episódios de violência.