Trabalhadores fizeram atos contra mudanças
Sessão foi marcada por confusão e durou mais de oito horas; senadoras tomaram a mesa do plenário
A reforma trabalhista foi aprovada no plenário do Senado após oito horas, com 50 votos favoráveis, 26 contrários e uma abstenção. Agora, a proposta segue para a sanção do presidente Michel Temer (PMDB).
A votação da reforma trabalhista no Senado foi marcada por confusão. Prevista para começar às 11h, a sessão foi suspensa por volta do meio-dia depois que a senadoras Fátima Bezerra (PT-RN) Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PC do BAM), Lídice da Mata (PSB-BA) e Regina Souza (PT-PI) impediram o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), de sentar-se à mesa.
As senadoras exigiam a aprovação de uma emenda impedindo que gestantes e mulheres que amamentam trabalhem em ambientes insalubres. O projeto permite o trabalho em local insalubre, desde que ele tenha sido liberado por um médico.
Após a suspensão, as luzes do plenário foram apagadas e os microfones, desligados. Eunício reuniu líderes dos partidos na presidência para discutir uma saída e tentar retomar a sessão.
O plenário permaneceu no escuro até 16h, quando as primeiras luzes foram religadas. As senadoras chegaram a comer quentinhas no escuro para evitar que os parlamentares da base assumissem o comando do Senado.
Briga interna
A mesa diretora do Senado decidiu preparar o auditório Petrônio Portella para dar continuidade à sessão, com base no dispositivo do regimento interno da Casa que permite realizar a sessão “em qualquer lugar” em caso de “ocorrência que impossibilite o funcionamento na sede”, se houver maioria dos senadores. Mas a mudança de local foi suspensa ao longo da
Ao longo do dia, foram realizadas diversas manifestações contra as mudanças na legislação trabalhista. Em São Bernardo do Campo (ABC), funcionários das quatro montadoras da cidade — Volkswagen, Ford, MercedesBenz e Scania— fizeram atos na rodovia Anchieta.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, as manifestações foram divididas e tiveram participação de 12 mil trabalhadores.
Juízes do trabalho estive- tarde devido a protestos de sindicalistas contrários à aprovação da reforma.
Por volta das 18h30, o presidente do Senado reabriu os trabalhos. “Estou profundamente chocado com o que estou vendo hoje. Já esperei por mais de sete horas. O problema não é o mérito da matéria. É a desmoralização da Casa”, disse ele.
A senadora Gleisi rebateu afirmando que desmoralização era o Senado abrir mão de sua função revisora e aprovar a reforma trabalhista sem alterações para evitar que o projeto voltasse à Câmara, seguindo orientação do governo. ram no Senado para conversar com parlamentares e tentar evitar que o projeto fosse aprovado sem alterações. “O Senado não pode renunciar à sua função constitucional. Se há inconstitucionalidades, se há retrocessos graves, isso deve ser corrigido”, afirmou Guilherme Feliciano, presidente da Anamatra (associação de magistrados). Sindicalistas e trabalhadores que queriam acompanhar a votação foram impedidos de entrar.