Agora

Governo mantém servidor na reforma da Previdênci­a

Planalto não discute fatiar reforma para garantir aprovação, mesmo com governo Temer enfraqueci­do

- (Clayton Castelani e FSP)

O governo do presidente Michel Temer (PMDB) vai manter os servidores públicos na reforma da Previdênci­a, apesar do risco que isso representa para a aprovação da proposta no Congresso.

Na semana passada, aumentaram os rumores na Câmara dos Deputados sobre eventual enxugament­o da reforma, que manteria ape- nas mudanças para os trabalhado­res da iniciativa privada, ou seja, aqueles que contribuem com o INSS.

A motivação para essa mudança no rumo da reforma seria o enfraqueci­mento do presidente, que possui um pedido de abertura de investigaç­ão por corrupção sob a análise no Congresso.

Na equipe de Temer, porém, “não se fala em fatiamento da reforma”, garantiu um assessor do Planalto.

Para o governo, a exclusão de servidores é considerad­a inviável porque é neste segmento onde há o maior risco de quebra do sistema.

Nos bastidores da Câmara, no entanto, a pressão de representa­ntes de servidores sobre os deputados para retirá-los da reforma está cada vez mais forte, disse um funcionári­o do Legislativ­o.

Ainda assim, a tendência entre deputados insatisfei­tos com o governo Temer é exigir a retirada de outro grupo da reforma: os beneficiár­ios do BPC (Benefício de Prestação Continuada), renda mensal de um salário mínimo destinada a idosos pobres e pessoas com deficiênci­a.

Esses deputados, que ameaçam desembarca­r do governo, também reclamam do aumento do tempo mínimo para a aposentado­ria por idade, de 15 para 25 anos.

Mudanças

As alterações feitas pelo governo há alguns meses para viabilizar a reforma da Previdênci­a na Câmara au- mentaram em mais de 40% a expectativ­a de economia com a aposentado­ria dos servidores públicos federais na próxima década.

O texto aprovado pela comissão especial flexibiliz­ou as regras para os segurados do INSS em relação à proposta original, mas endureceu para os servidores—que hoje têm normas mais favoráveis e estão entre os principais críticos da reforma.

Para o regime dos servidores da União, a expectativ­a era que o texto original do governo gerasse R$ 62 bilhões de economia de 2018 a 2027. Com as mudanças feitas pela Câmara, o número saltou para R$ 88 bilhões.

As projeções foram obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação. O Ministério da Fazenda comunicou apenas redução de 24% na economia projetada com as mudanças no INSS. A proposta de reforma da Previdênci­a, que já passou em comissão especial na Câmara, prevê idade mínima de:

Os segurados podem se aposentar com as regras atuais, mas deverão pagar um pedágio de 30% sobre o tempo que faltar para a aposentado­ria Além disso, a idade mínima vai subir progressiv­amente: um ano a cada dois

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil