Uso recreativo do produto é perigoso, dizem especialistas
O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira Filho, professor da USP, diz que o rapé da Amazônia com DMT não deve ser usado recreativamente.
“No uso ritualístico há a possibilidade de uma crise de ansiedade e, em pessoas com predisposição, há até o risco de um surto psicótico”, disse o psiquiatra. “Há também elevação da pressão e batimento cardíaco.”
O cacique Txuã Huni Kuin, 40 anos, da aldeia Huni Kuin do Acre, também é contrário ao uso recreativo do pó. “O rapé é usado em rituais de cura e purificação. O rapé é sagrado para o meu povo. É um presente da sabedoria do Huni Kuin para o homem branco. O pajé é um médico. A universidade dele é a floresta. É lá que ele aprende tudo, desde criança, o valor de cada planta. Não tem dinheiro que compre essa sabedoria”, disse ele.
Plantas de poder
O especialista em plantas medicinais e sacerdote umbandista Diego Caniza, 36 anos, também explica que o uso fora do contexto religioso não é recomendável. “O rapé tem em seus componentes o que chamamos de ‘plantas de poder’. Elas nunca devem ser usadas levianamente, ou há consequências. Um exemplo é o tabaco. Usado de maneira sagrada, é agente purificador e transformador. Fora desse contexto, ele traz vício e sofrimento. E é assim com qualquer outra planta de poder usada fora da maneira correta.”