Trio de deputados assume lliinha de fffrrrenttte de Temer
Estridente, tropa de choque assume tarefa que poucos topam: defesa de governo com 7% de aprovação
Quarta-feira, 17 de maio, 19h30. Estourava a mais grave crise do governo Michel Temer: o empresário Joesley Batista, da JBS, havia gravado o presidente discutindo, segundo a Procuradoria-Geral da República, a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Darcísio Perondi (PMDB-RS) ia para a Câmara. Carlos Marun (PMDB-MS) aguardava na antessala do ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), no quarto andar do Palácio do Planalto.
Um piso abaixo, Beto Mansur (PRB-SP) esperava o presidente na porta de seu gabinete para apresentar sua expectativa de votos para a reforma da Previdência.
Dois meses depois, o trio, que um ano antes havia trabalhado pelo impeachment de Dilma Rousseff, assumiu a defesa do presidente.
“Estou sempre muito à disposição. Às vezes ele [Temer] liga, manda WhatsApp. Tomo cuidado para não ser um pentelho”, diz Mansur.
No cardápio, pérolas como “[a delação de Joesley] vale tanto quanto uma nota de R$ 2,37” ( Marun), “Michel Temer é vítima de um conluio montado pelo satânico Janot” (Perondi) e “Michel está com a faca nos dentes e vamos vencer” (Mansur).
Nos bastidores, o trio às vezes é criticado por alguns aliados por falar demais. No entanto, é consenso entre os governistas que os três cumprem um papel que poucos estão dispostos a assumir: apoiar publicamente uma gestão que tem 7% de aprovação, segundo o Datafolha.
“Meu objetivo é aprovar a [reforma da] Previdência, a lei trabalhista, a modernização do Estado. O Michel faz parte deste processo. Prefiro manter ele do que sair numa aventura”, afirma Mansur.
O deputado diz ter conhecido Temer quando era vereador em Santos, e ele, secretário de Segurança de SP. Passou por seis partidos e foi prefeito da cidade, onde fica o porto sobre o qual o presidente tem influência.
Já Marun, no primeiro mandato, briga por causas polêmicas. É dos mais aguerridos defensores de Cunha.
E Perondi, o mais enfático, é alvo de ironias de colegas. “O futuro é dos loucos do presente”, rebate.