Candidatos a delator correm para fechar acordo sob Janot
Temor é mudança de critérios com chegada de sucessora; OAS, Palocci e Cunha estão entre colaboradores
A Procuradoria-Geral da República está acelerando os trabalhos para finalizar a negociação de pelo menos cinco acordos de delação premiada até a saída do chefe do órgão, Rodrigo Janot, em 17 de setembro.
Segundo relatos de investigadores à reportagem, o procurador-geral e sua equipe pretendem concluir as tratativas com a empreiteira OAS, o ex-ministro Antonio Palocci, o empresário Henrique Constantino, sócio da Gol, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o doleiro Lúcio Bolonha Funaro.
Mesmo com a viagem de Janot aos EUA durante a semana, o grupo dedicado à Lava Jato trabalhou intensamente. O dia mais movimentado foi anteontem, quando os procuradores fizeram reu- niões até as 23h30.
Advogados da JBS, que entregarão mais 20 anexos (volumes) para complementar os depoimentos, também estiveram no local.
Advogados afirmam que não sabem o que esperar de negociações com a futura procuradora-geral, Raquel Dodge —principalmente, o que sua equipe exigirá para tratar de delações.
Os defensores dizem que já conhecem a dinâmica do grupo de Janot e os assuntos que despertam seu interesse.
Os investigadores alertam, nos bastidores, que finalizar uma negociação não significa necessariamente que a delação premiada será assinada. Pode haver casos em que a PGR opte por encerrar as conversas sem chegar a um acerto, por exemplo.
Prioridade
A procuradoria, porém, priorizou essas cinco delações porque acredita que são grandes as chances de serem homologadas pelo Supremo Tribunal até setembro, ainda na gestão de Janot.
Envolvidos nas tratativas relatam que o acordo mais avançado é o da OAS, em negociação há mais de um ano.
As conversas foram interrompidas por oito meses, após vazamentos, e retomadas em março. A empresa fechou o conteúdo e passará a discutir os benefícios em no máximo duas semanas.
Henrique Constantino é um dos mais adiantados na fila, mas tem enfrentado dificuldades no final. Os procuradores querem mais informações, que ele diz não ter.
A de Palocci ganhou fôlego. Ele apresentou cerca de 40 novos assuntos e aparenta otimismo na prisão.
Dois advogados relataram à reportagem, sob a condição de não serem identificados, que ainda paira a dúvida sobre o comportamento de Dodge. Dizem que, na sua visão, ela foi colocada na PGR pelo Planalto sob a expectativa de frear a Lava Jato —algo que ela tem negado.