A escolha no trago
Em agosto, o Supremo Tribunal Federal deve decidir se fabricantes podem usar aromas e sabores nos cigarros. Produtos com mentol, cravo e cereja, por exemplo, são ideais para o gosto juvenil. Não por acaso, são porta de entrada de muitos fumantes no vício.
O julgamento é decisivo para a indústria do tabaco no Brasil, que, embora ainda gere lucros, não parece ter pela frente um futuro brilhante.
Afinal, é cada vez maior a rejeição a seus produtos. Já os que continuam fumando tendem a morrer mais cedo.
Para superar esses problemas, o setor investe em países mais pobres, onde as pessoas têm menos informações e o governo não pega tanto no pé das empresas.
Outra tática é atrair novos e jovens clientes. Aí é que entram os cigarros com sabor.
Em 2012, a Anvisa tentou proibir esses aditivos, mas a indústria até aqui se virou na Justiça para manter a produção e a venda.
O uso de tabaco caiu muito no Brasil. Em 1989, os fumantes eram 35% da população adulta, contra 10% hoje. Muito da queda se deve a regras como a que manda estampar nos maços imagens e dados sobre o risco à vida.
Por outro lado, pode ser um exagero permitir que o governo defina que sabor um cigarro deve ter. Ninguém cogita, afinal, fazer o mesmo com o álcool, forçando fabricantes a produzirem vinho e cerveja com gosto pior.
Fumo e bebidas não trazem benefícios à saúde. Pelo contrário, causam riscos. Mesmo assim, não é o caso de aprovar uma lei tornando ilegais essas substâncias. Seria um abuso e não adiantaria: o consumo ia continuar por baixo dos panos.
É sempre melhor regular através da informação do que da proibição.