Reforma em 2019
Com a crise que desabou no governo Michel Temer (PMDB), os partidos que continuam pendurados no governo estão tratando de se proteger.
Afinal de contas, eles querem os benefícios de apoiar o presidente (cargos nos ministérios e dinheiro para seus projetos), mas fazem o possível para não pagarem o pato por participar de um governo rejeitado por 70% dos brasileiros.
É por isso que muita gente está defendendo, nas conversas de corredor no Congresso, que a reforma da Previdência seja deixada para 2019 —ou, em outras palavras, para o próximo governo.
Não é para menos: o Datafolha mostrou que a quantidade de eleitores contra a reforma é mais ou menos igual a dos que consideram Temer ruim ou péssimo.
É só lembrar que o próximo ano é de eleições gerais: para presidente, governador, senador, deputado federal e estadual. Ninguém quer ficar mal na fita faltando pouco para a hora do voto.
Além disso, o presidente foi acusado de corrupção e está enfraquecido. Precisa do apoio da Câmara para não ser tirado da cadeira.
Nessas condições, vai ser difícil negociar uma reforma que preste —se é que vai conseguir aprovar alguma coisa.
Periga o projeto ficar pior. Nessas horas, quem tem poder consegue escapar dos sacrifícios, e a conta acaba sobrando para os mais pobres.
Ainda é cedo para saber o que vai acontecer. Mas é bem possível mesmo que o próximo governo tente mexer nas aposentadorias. Pelo jeito, ninguém vai conseguir resolver a pindaíba até lá.
Vamos ver se os políticos e poderosos também vão pagar o pato.