Ex-presidente da Petrobras e do BB é preso na Lava Jato
Aldemir Bendine é suspeito de receber R$ 3 milhões do grupo Odebrecht e viajava para Portugal
O ex-presidente do Banco do Brasil e ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine foi preso na 42ª fase da Lava Lato, batizada de Operação Cobra, ontem.
Chefe da Petrobras até maio de 2016, ele é suspeito de ter recebido R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, em 2015, com a justificativa de proteger a empreiteira em contratos na estatal, inclusive em relação às consequências da Lava Jato.
Bendine foi detido em Sorocaba, interior paulista. O juiz Sergio Moro justificou a ordem de prisão dizendo que ele havia comprado passagem apenas de ida para Portugal —a viagem seria hoje.
Também foram presos os irmãos André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Jr., suspeitos de serem operadores dele.
Bendine assumiu a presidência da Petrobras em fevereiro de 2015, em meio à Lava Jato. O suposto pedido de propina foi relatado, na delação da Odebrecht, pelo ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht e pelo diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis.
Segundo Marcelo Odebrecht, Bendine “se colocava como a pessoa que o governo tinha escolhido a interagir com as empresas para resolver problemas” relativos a impactos da operação nas obras e contratos federais.
O ex-presidente da estatal chegou a citar o nome da então presidente Dilma Rousseff (PT) nas conversas com os executivos da Odebrecht, a fim de “se promover”, diz o procurador Athayde Costa. O envolvimento dela não ficou comprovado.
Marcelo Odebrecht relatou ter sido “achacado” por Bendine. Na época em que comandou o Banco do Brasil (2009-2015), aponta a investigação, Bendine teria solicitado, por meio do operador André Gustavo Vieira, o pagamento de R$ 17 milhões de propina para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento contraído pela Odebrecht AgroIndustrial.
Na ocasião, os executivos negaram a solicitação, segundo relataram ao Ministério Público Federal, por acharem que ele não tinha como influenciar o contrato.
A situação “mudou de figura” quando ele assumiu a presidência da Petrobras, segundo Marcelo Odebrecht. Veja detalhes da delação no quadro ao lado.