Espetáculos teatrais abordam dramas e dilemas femininos; peça mostra lado B de Marilyn Monroe
Os dramas e dilemas vividos por mulheres fazem parte do enredo de diversas peças que estreiam em São Paulo, entre hoje e quarta-feira. “Enquanto Ela Dormia” e “Carne de Mulher” entram em cena agora, além de “A Via Crucis do Corpo”, que tem últimas apresentações neste fim de semana (veja ao lado). Estreia também “Além da Imagem”, espetáculo que retrata as angústias de Marilyn Monroe (1926-1962).
A peça, que estreia hoje no Sesc Ipiranga e fica até o dia 20 de agosto, transporta o espectador para dentro da vida da atriz americana. Com direção e atuação de Marília Moreira, a obra é baseada na peça “A Gaivota” do russo Anton Tchekhov (1860-1904).
Na trama, a imagem exuberante da loira e símbolo sexual fica em segundo plano. É mostrada uma menina vulnerável e inocente cheia de angústias.
“A peça mostra o lado B da vida da Marilyn, seu medo da solidão, o abandono de seus pais, seus amores não realizados. Fugindo de qualquer tipo de didatismo, essas questões entram em cena como lembranças desconexas e, muitas vezes, distorcidas, flashes de memória que atravessam a cena, nem sempre deixando claro como cada episódio de fato aconteceu”, descreve Marília.
Segundo a artista, a proposta do espetáculo é levar o espectador a pensar em conceitos como beleza e vaidade. “Desejo propor uma reflexão sobre o valor exacerbado que damos às aparências, bem co- mo o poder que temos de tomar as rédeas das nossas vidas. São reflexões também presentes na obra de Tchekhov”, fala a atriz, ligando as histórias, conectadas no palco.
A obra também toca no tema da supervalorização da fama, da imagem e da necessidade de reconhecimento. Fatores que podem causar identificação imediata no público.
“Há em nós uma falta de pudor com a exposição pessoal. Existe uma desvirtuação do conceito de arte, cuja qualidade se mede mais pelo reconhecimento midiático do que pelo seu poder transformador e de gerar reflexão”, diz Marília.